Allan Simon

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Nova série do sportv humaniza Dunga em conflitos com imprensa e torcida

'Brasil vs Dunga - Futebol em Pé de Guerra'. O título da série que estreia hoje às 20h (horário de Brasília) no sportv já dá o tom da história que pretende contar. Como um dos nomes mais emblemáticos, polêmicos e vencedores do futebol brasileiro, o ex-volante Dunga, que também foi técnico da seleção brasileira duas vezes, viveu uma carreira recheada de conflitos com torcedores e com a imprensa, mas também muito vitoriosa, indo de símbolo involuntário do fracasso do Brasil na Copa de 1990 à redenção com o tetracampeonato mundial nos EUA quatro anos depois.

A coluna teve a oportunidade de acompanhar o primeiro episódio da série documental. O início da produção já traz uma narrativa com as histórias do começo de carreira de Dunga no Internacional e na seleção de juniores, sua evolução ao ser contratado pelo Corinthians, as passagens pelo Santos e Vasco, antes de embarcar rumo ao futebol italiano começando no Pisa, até virar um ídolo na Fiorentina. O lado mais humano de Dunga já aparece quando essas histórias são alternadas com depoimentos de amigos e de familiares, mas também nos depoimentos do próprio tetracampeão mundial, que desabafou e contou histórias sobre sua carreira.

Revelações aparecem, como o problema reconhecido por Dunga com a presença de câmeras em sua frente por toda a vida a partir das críticas generalizadas na eliminação da seleção brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1990 diante da Argentina, quando o Brasil do técnico Sebastião Lazaroni foi rotulado como 'Era Dunga', colocando em um só jogador o símbolo do fracasso de uma seleção que já completava 20 anos sem ganhar um Mundial. Dunga também diz que carregou para si o peso de toda a situação ruim do país na época, não apenas no futebol, mas também na economia e política.

Depoimentos de jornalistas como Alex Escobar, Sergio Xavier Filho, Galvão Bueno, e os colunistas do UOL PVC e Juca Kfouri também ajudam a contextualizar a fase de Dunga no início de jornada na seleção brasileira. "O Dunga fez uma Copa América de 1989 exuberante. Ele estava sempre no lugar certo para desarmar e construir. O Dunga nunca foi um brucutu, nunca foi um 'cabeça de bagre', como se fez questão de atribuir a ele. O Dunga era um talento", disse PVC no primeiro episódio. O Brasil venceu a competição sul-americana após 40 anos de jejum.

"Com uma conquista dessas um ano antes de uma Copa do Mundo, você monta um grupo", contou o narrador Galvão Bueno. A narrativa estrutura como a presença de Dunga na Copa do Mundo de 1990 não foi algo inventado pelo técnico Sebastião Lazaroni, mas consequência do ciclo que vinha sendo construído, além da grande fase vivida pelo volante na Fiorentina.

Até mesmo o ex-atacante italiano Roberto Baggio, companheiro de Dunga e posteriormente símbolo da Itália na Copa perdida para o Brasil de 1994, dá seu depoimento à série fortalecendo a história da idolatria do brasileiro em Florença. Os problemas internos da seleção de 1990 também foram abordados inclusive por jogadores que atuaram ao lado de Dunga na Copa, como Taffarel, Bebeto e Ricardo Rocha, e também pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Apesar de todo o contexto envolvendo revolta de jogadores com valores de premiação e patrocínio, e de uma eliminação em uma partida contra a Argentina na qual o Brasil não jogou mal, o rótulo de 'Era Dunga' pegou dali em diante. E foi o início de uma história marcada desde então por um Dunga 'cascudo', como ele próprio define que precisou ser, sempre em conflitos constantes com a mídia e com parte da torcida brasileira, tanto como jogador quanto como treinador nas décadas seguintes.

A série 'Brasil vs Dunga - Futebol em Pé de Guerra' é uma coprodução do sportv com a Pindorama Filmes, dirigida por Fernando Acquarone e com produção de Estêvão Ciavatta. Está dividida em três episódios. Os dois primeiros vão ao ar em sequência hoje a partir das 20h no sportv. O último será exibido pelo mesmo canal amanhã às 23h. No Globoplay, os assinantes terão acesso à série completa.

"O título da série dá o clima da batalha que o Dunga travou com torcedores e imprensa ao longo de toda sua carreira. Procuramos explorar esse arco dramático digno de montanha-russa, revelando os bastidores de quem passou mais de quatro décadas defendendo a seleção brasileira. A conquista do Tetra foi o que pavimentou o caminho para uma nova era do futebol brasileiro e ele foi um dos grandes responsáveis por essa retomada. Por isso foi uma experiência incrível poder voltar no tempo, contar essa história e conhecer seus protagonistas pessoalmente. E, para nossa surpresa, conhecemos um Dunga engraçado, descontraído, acessível e extremamente generoso com os mais necessitados, uma pessoa totalmente diferente do que se perpetua na imprensa. Tenho certeza de que o público vai se surpreender também", disse Acquarone.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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