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André Rocha

Palmeiras anda em círculos há muito tempo. Só muda o resultado

Luiz Adriano (Palmeiras) comemora gol. Matheus Jussa (Internacional) observa - Mauro Horita/Folhapress
Luiz Adriano (Palmeiras) comemora gol. Matheus Jussa (Internacional) observa Imagem: Mauro Horita/Folhapress

Colunista do UOL Esporte

03/09/2020 01h39

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Casinha fechada, dependência dos talentos no ataque sem grande elaboração ofensiva e muitas vitórias arrancadas em cruzamentos a esmo e jogadas de bola parada.

Há quanto tempo o Palmeiras vive disso? Foram as marcas dos trabalhos de Marcelo Oliveira, Cuca, Felipão nas conquistas nacionais e agora de Vanderlei Luxemburgo no título paulista. Com exceções, como o primeiro turno em 2016, com Roger Guedes e Gabriel Jesus brilhando, e a leveza do time misto em 2018 enquanto os titulares lutavam por Copa do Brasil e Libertadores.

Hoje o time alviverde está invicto no Brasileiro, com seis jogos em sete rodadas. Sofreu apenas quatro gols. Dos times da Série A é o que menos levou gols na temporada: 13. Conquistou Flórida Cup e Paulista. Mas o desempenho é sofrível na maior parte do tempo.

A saída de bola tem zagueiros abertos e a participação do goleiro Weverton, mas é pouco produtiva. O meio-campo conta com jogadores que sabem jogar, porém falta infiltração e isola Luiz Adriano, que recua e os ponteiros não entram em diagonal. Rony não consegue se encaixar por erros próprios, mas também pela ausência de movimentos coletivos que criem espaços para que a velocidade e a explosão apareçam.

É uma equipe que torna qualquer jogo feio. Congela a bola. No Allianz Parque contra o Internacional rodando o elenco, a disputa só se salvou pela emoção já nos acréscimos. Com um pênalti para lá de questionável do zagueiro Luan que Thiago Galhardo converteu e a resposta rápida palmeirense com o gol de Luiz Adriano, completando cruzamento de Gustavo Gómez. Já no abafa do desespero.

Muito pouco para tamanho investimento, em contratações e nas divisões de base. Quando demitiu Mano Menezes e Alexandre Mattos na reta final da temporada passada, o Palmeiras pareceu flertar com algo mais arrojado e antenado. Dirigentes conversaram com Jorge Sampaoli e consideraram a hipótese de Miguel Àngel Ramírez, mas preferiram apostar em uma solução conservadora, olhando mais para o passado que mirando o futuro.

Venceu o estadual sobre o maior rival, criou-se de novo o mito do Luxemburgo estrategista. Murchou com o choque de realidade no início do Brasileiro. Duas vitórias, a melhor atuação nos 2 a 1 sobre o Santos...e só. Anula o adversário com solidez defensiva e bloqueia o próprio jogo pela dificuldade na execução das próprias ideias.

Porque as soluções de antes não são mais suficientes. E não há mais Dudu para descomplicar e manter o nível de competitividade. Mas agora só é problema porque os resultados não são os esperados. A análise se limita aos placares dos jogos e à posição na tabela. Não há a preocupação em jogar bem, que é diferente de jogar bonito. Só que o Palmeiras joga feio e mal.

O clube anda em círculos há muito tempo. Se citarmos times memoráveis do futebol brasileiro neste século dificilmente lembraremos de alguma equipe vencedora do Palmeiras. Entregaram as taças e pouco mais que isso. Nada para guardar nas retinas e no afeto. Venceu, mas não divertiu ninguém. Só agradou os que se orgulham de sofrer pelo time de coração.

Agora um pouco mais arejado pelo talento de Patrick de Paula e responsável nas contratações, mas ainda sem olhar para o campo com atenção. Não é questão de demitir treinador, mas coragem para mudar o norte, sair do mais do mesmo. Já passou da hora.