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André Rocha

Tudo cheira a mesmice no Grêmio de Renato Gaúcho

Colunista do UOL Esporte

07/09/2020 09h59

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No apito final em Goiânia já era possível prever ao menos uma afirmação de Renato Gaúcho depois do empate por 1 a 1 entre Grêmio e Atlético-GO: "Empatamos, mas o Flamengo perdeu aqui por 3 a 0". E ela veio na coletiva, obviamente.

Típico Renato. Era assim como jogador, é como treinador agora. Desvia o foco das perguntas incômodas, insiste em alvos como Flamengo e Internacional forçando a rivalidade o tempo todo, terceiriza responsabilidades e superdimensiona as próprias conquistas.

Como o tricampeonato estadual, citado invariavelmente desde a derrota para o Caxias por 2 a 1 que garantiu a taça. Sem contar os "troféus" das vitórias sobre o Colorado. Importantes para a cultura local, mas muito pouco para o campeão da Libertadores de 2017 e semifinalista nas últimas duas edições. De um time que, de fato, jogou o melhor futebol do país em muitos períodos desde o título da Copa do Brasil de 2016, o primeiro desta passagem do grande ídolo gremista pelo comando técnico.

Agora tudo cheira a mesmice. O desprezo pelo Brasileiro nos últimos anos parece ter desmobilizado o clube desta vez, ainda mais com a decisão estadual no meio das primeiras rodadas do campeonato por pontos corridos. A insistência na recuperação de veteranos também virou uma marca, contrastando com algumas oportunidades a jovens como Isaque, autor do gol de empate em Goiânia.

Tudo virou rotina, com poucos desafios. É bem provável que a volta da Libertadores e a entrada na Copa do Brasil reacendam a chama, mas a impressão é de que o sarrafo do futebol nacional subiu e o Grêmio está parado acreditando em suas fórmulas. Até os 5 a 0 impostos pelo Flamengo de Jorge Jesus, que pareciam ligar o alerta e iniciar uma mudança de prioridades e processos sem trocar o treinador, já foram relativizados e tratados como "acidente".

Sem crise, ou a única é o "excesso de taças", como bravateou Renato na mesma coletiva ontem. Mesmo com a equipe oscilando demais no desempenho e vencendo apenas a ida contra o Caxias nas últimas oito partidas. Vitória no Brasileiro só na abertura, 1 a 0 sobre o Fluminense. Poucas derrotas também: além do Caxias, o revés em casa para o Sport por 2 a 1.

Derrota minimizada por Renato, claro. Tudo precisa parecer bem, tudo tranquilo. Mesmo morno. É claro que ainda faltam muitos jogos e, caso vença a partida que tem a menos, em casa diante do Goiás, o tricolor gaúcho ficará mais próximo da primeira página da tabela. Mas o roteiro já conhecido de força no mata-mata e administração do Brasileiro para, se tudo der errado, ao menos garantir a vaga na Libertadores parece mais incerto desta vez.

Porque o Grêmio estacionou e Renato Gaúcho não percebe. Ou finge não ver para tudo continuar como está.