Seleção apresenta variações, mas Richarlison não resolve problema da ponta
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Este que escreve não teria marcado nenhum dos dois pênaltis a favor da seleção brasileira em Lima, que Neymar converteu e assim ultrapassou Ronaldo Fenômeno na artilharia histórica da seleção brasileira, agora com 64 gols em 103 partidas.
Mas o camisa dez, apesar de ainda insistir em dribles desnecessários, se destacou não só pelas cobranças precisas, como também pela liderança técnica e inteligência para acompanhar a jogada e finalizar no rebote da trave no quarto e último gol dos 4 a 2 sobre o Peru.
A seleção de Ricardo Gareca, de trabalho longo e consolidado. Que perdeu apenas por 1 a 0 para a campeã França na fase de grupos da Copa em 2018 e, no ano seguinte, terminou com o vice-campeonato da Copa América. Mesmo goleado pelo mesmo Brasil de Tite na primeira etapa do torneio.
Ainda que sofra sem o lesionado Paolo Guerrero, segue forte pela direita com Advincula e Carrillo, que abriu o placar em falha de Marquinhos, que acabou dando lugar a Rodrigo Caio. O zagueiro do Flamengo, que não entrava em campo desde a vitória do Flamengo sobre o Barcelona em Guayaquil há três semanas por causa da Covid-19, acabou errando ao cortar um cruzamento para a entrada da área. A equipe também vacilou no rebote, Renato Tapia chutou e a bola desviou no mesmo Rodrigo Caio para sair do alcance de Weverton,
Foram os dois gols peruanos que ressaltaram alguns problemas defensivos já esperados em uma retomada de trabalho e depois de um treino ataque x defesa contra a Bolívia. Era óbvio que a seleção seria mais testada contra adversário mais forte e como visitante.
A equipe, porém, apresentou algo importante para se impor e dificultar a vida dos rivais sul-americanos: diversidade de jogo. Não só pela variação no desenho tático, saindo do 4-2-3-1, com Coutinho como meia mais adiantado, para o 4-4-2 que tinha Roberto Firmino e Neymar mais soltos na frente. Mas com uma sutil alteração na composição da linha de meio-campo: Douglas Luiz fechava pela esquerda e Coutinho recuava por dentro para auxiliar Casemiro.
Douglas, aliás, voltou a se destacar como suporte às descidas de Renan Lodi pela esquerda e também tentando ajudar a fechar o setor, acossado pelo lado forte peruano. O camisa oito colaborou também com passes longos e inversões de bola. A tendência é se firmar entre os titulares, pois entrega mais intensidade e personalidade que Arthur e Bruno Guimarães.
Richarlison foi a única mudança na formação inicial, entrando na vaga de Everton Cebolinha. O "Pombo", vestindo a camisa sete, trabalhou bem sem bola e teve vigor físico e velocidade para atacar as costas da defesa. Com espaços entrou bem em diagonal e estava na área para completar cruzamento de Firmino no segundo gol brasileiro.
Acabou premiado por Tite com a permanência em campo, mesmo com as entradas dos Evertons, Cebolinha e Ribeiro. Foi para o centro do ataque, onde gosta mais de atuar, e seguiu rendendo bem. É jogador útil sempre e pode seguir evoluindo, até por ser treinado no Everton por Carlo Ancelotti, referência de Tite no ofício.
Mas Richarlison não é um ponta para abrir defesas na amplitude e no drible, no um contra um com menos espaços. Nos contragolpes será útil, assim como Gabriel Jesus quando voltar. Mas quando a seleção precisar atacar mais e o 2-3-5 voltar a ficar mais nítido na fase ofensiva, a carência na ponta direita voltará a aparecer. O problema não está resolvido.
A vitória vale para garantir os 100% de aproveitamento, algo que só a Argentina alcançou nessas duas rodadas de Eliminatórias. As estatísticas da partida apresentam um Brasil protagonista, com 66% de posse, 88% de efetividade nos passes e 13 finalizações, nove no alvo.
Cedeu sete conclusões, seis na direção da meta de Weverton. Algo a ser melhorado, mas a proposta de Tite envolve riscos defensivos naturais. Compensados em Lima pela qualidade de Neymar nas finalizações - quatro no alvo em cinco - e versatilidade na execução do plano de jogo.
(Estatísticas: SofaScore)
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