Bom trabalho de Odair no Fluminense não é acaso, nem pode jogar contra
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O Fortaleza pode e deve questionar muito o cartão vermelho direto para o zagueiro Roger Carvalho. A falta sobre o atacante Felippe Cardoso aconteceu com a bola muito mais próxima do goleiro Felipe Alves, sem chance clara de gol. Um exagero do árbitro baiano Marielson Alves Silva, para dizer o mínimo.
Mas o Fluminense coletivamente já era melhor no Castelão. Superando desfalques importantes, como os lesionado Nenê e Fernando Pacheco e os suspensos Fred e Dodi, além de Luiz Henrique no banco depois de servir à seleção sub-20. Também compensando a já rotineira baixa intensidade de Paulo Henrique Ganso no trabalho entre as intermediárias.
Porque o time de Odair Hellmann é essencialmente organizado. Para defender e atacar, com plano claro. Em Fortaleza, a ideia era dificultar a aceleração das transições ofensivas da equipe de Rogério Ceni. Com Ganso e Felippe Cardoso mais adiantados, as duas linhas de quatro eram compactas e bem coordenadas.
Atacando, muito cuidado com a posse, organizando a saída com Hudson se juntando aos zagueiros Nino e Luccas Claro, e só acelerando quando a bola chegava a Caio Paulista. Depois Wellington Silva, que pela esquerda infiltrou para fazer o gol único da partida no chute desviado em Gabriel Dias. Aproveitando, paradoxalmente, uma bola interceptada por Ganso quando o Fortaleza tentava sair da defesa. Já com o Fluminense tendo a vantagem de um homem a mais.
Assim como opções interessantes na reserva. Marcos Paulo e Lucca substituíram Michel Araújo e Felippe Cardoso e mantiveram o nível. Nas laterais, Igor Julião e Danilo Barcelos compõem melhor defensivamente a linha de quatro que Calegari e Egídio. O elenco do Fluminense não é tão forte quanto os dos favoritos ao título, mas oferece condições para Hellmann colocar em campo quase sempre uma equipe competitiva.
Não é acaso a permanência do G-4 ao final do turno do Brasileiro. E mesmo que o São Paulo tome a vaga quando chegar aos 19 jogos, a campanha é sólida. São oito jogos de invencibilidade, mesmo número do favorito Flamengo. Também cinco vitórias e três empates no período. Tem que respeitar.
O goleiro Felipe Alves respeitou logo após a partida, reconhecendo os méritos do adversário. Afinal, o time visitante tinha maior posse de bola e mais finalizações já no primeiro tempo, com onze contra onze. E terminou com 57% de posse, 88% de efetividade nos passes e 11 finalizações a quatro - quatro a um no alvo. Foram dez interceptações, o dobro do Fortaleza. Características de um time bem posicionado.
Em campo e na tabela. Só não pode jogar contra Hellmann em um momento de instabilidade mais à frente. A meta pode passar da manutenção na Série A para a primeira página da tabela. Com o sonho de uma vaga na Libertadores, mas talvez não entre os quatro que entram diretamente na fase de grupos. O Palmeiras, se engrenar com o português Abel Ferreira no comando técnico, tem elenco mais qualificado para lutar em cima com Internacional, Flamengo e Atlético-MG. São Paulo e Santos, apesar das oscilações, também.
O que Odair Hellmann faz não é "milagre" e há o ônus das eliminações precoces na Sul-Americana e na Copa do Brasil. Mas é preciso medir bem as expectativas de um clube com sérios problemas financeiros para que o treinador não pague pelo sucesso de agora. No Brasileiro, o Fluminense entrega mais do que o esperado.
(Estatísticas: SofaScore)
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