Massacre afirma renovação na Espanha e "hora extra" de Löw na Alemanha
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Mudanças e permanências, no futebol e na vida, sempre carregarão uma eterna dúvida: "e se fosse diferente?"
A Espanha teve uma interrupção forçada na véspera da abertura da Copa do Mundo de 2018. Julen Lopetegui foi demitido para assumir o Real Madrid e Fernando Hierro assumiu às pressas. Depois da eliminação para a anfitriã Rússia, Luis Enrique assumiu para consolidar a renovação que já se iniciara em 2014, no fim do ciclo mais vitorioso da história da seleção. A Era Xavi/Iniesta.
Processo tortuoso, sujeito a oscilações. Porque é preciso manter alguns símbolos, como Sergio Ramos e Busquets, para pavimentar o caminho dos mais jovens. Mas no universo de seleções, sem tempo para treinar e consolidar o modelo de jogo mais rapidamente, o trabalho é ainda mais complexo.
Talvez por isso a Alemanha tenha insistido com Joachim Löw depois do fracasso de 2018, com eliminação na fase de grupos e muitas críticas pelos problemas dentro de campo e também na gestão de pessoas. Mas ficou o crédito pelo título mundial de 2014 e a coragem e o estofo para colocar atletas mais jovens, inclusive na conquista da Copa das Confederações 2017.
Mas desde então ficou a impressão de uma desmobilização geral. Desempenho muito irregular, assim como resultados decepcionantes. Inclusive o rebaixamento na primeira edição da Liga das Nações, revertida com uma mudança no regulamento da competição.
Caminhos que se cruzaram em setembro no empate por 1 a 1 em Stuttgart, pela ida no Grupo 4, com Ucrânia e Suíça. Chegando à última rodada para definirem a vaga nas semifinais com o confronto direto em Sevilha.
E o que se viu foi um massacre histórico que retrata mais claramente os momentos das seleções. A equipe de Luis Enrique colocou os alemães na roda, literalmente. Saindo fácil da pressão descoordenada, acelerando e movimentando o quinteto ofensivo na execução do 4-1-4-1.
Mesmo perdendo Canales aos 11 minutos e Sergio Ramos aos 42 do primeiro tempo. Mas nunca cedendo o controle do jogo. Saindo com bom passe trabalhando com Rodri ao lado dos zagueiros, voando pelas laterais com Sergi Roberto e Gayá . Koke liderando a posse, ora recuando para ajudar Rodri, ora se juntando a Ferrán Torres, Dani Olmo e Fabián Ruiz, que entrou na vaga de Canales.
Atropelando uma Alemanha pouco intensa, apesar da qualidade técnica do meio para frente com Gundogan, Kroos, Goretzka, Sané, Gnabry e Werner. E um comportamento estranho, para dizer o mínimo. Passividade assustadora para atletas tão vencedores em seus clubes.
Um primeiro tempo de 65% de posse, 93% de efetividade nos passes. 14 finalizações a 1, seis a zero. Gols de Morata, Rodri e Ferrán Torres, mais o gol anulado do centroavante em impedimento muito duvidoso, mas sem VAR.
O grande mérito da Espanha foi não diminuir o ritmo na volta do intervalo. Virou três, fechou seis. Mais dois de Férran Torres e um de Oyarzabal. Tocando, girando e atacando. Chocolate! A goleada histórica, que a Alemanha não sofria desde os 8 a 3 da Hungria na primeira fase da Copa de 1954, foi reflexo dos números finais: a posse subiu para 70% e foram 23 finalizações. No fundo, 6 a 0 saíram barato.
Atuação espetacular de quem segue a vida com mais confiança e esperança na "liga" entre a geração que chega e a mais madura. E tudo isso sem o lesionado Thiago Alcântara, craque da última final de Liga dos Campeões. Há razão para otimismo.
Quanto á Alemanha, difícil sugerir uma mudança no comando técnico, mas está claro que há algo muito errado. Impossível não pensar em "hora extra" de Low, no comando da seleção desde 2006. Talvez tenha passado o melhor momento.
(Estatísticas: Whoscored.com)
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