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André Rocha

Corinthians evolui com Mancini fazendo valer as semanas livres

Cazares, do Corinthians, comemora gol marcado contra o Botafogo no Engenhão  - Thiago Ribeiro/AGIF
Cazares, do Corinthians, comemora gol marcado contra o Botafogo no Engenhão Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL Esporte

28/12/2020 09h27

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Em tempos de pouco acesso à rotina dos clubes, ainda mais numa pandemia, a única avaliação possível sobre a qualidade dos treinamentos é o produto final: desempenho nos jogos.

Não adianta os jogadores elogiarem a metodologia se não há evolução a cada partida, independentemente dos resultados. Ou serve apenas para não azedar a relação no vestiário em um primeiro momento. No entanto, se a resposta no campo não acontece há um impasse natural.

Times como Atlético Mineiro e, agora, o Flamengo têm seus treinadores questionados pela dificuldade de fazer o jogo fluir, mesmo com as semanas livres tão desejadas por times desgastados, como Grêmio, Palmeiras e até o São Paulo, que parece se reoxigenar com o bom futebol e a força em duas frentes.

No momento, quem dá a melhor resposta na Série A brasileira à tranquilidade para treinar é Vagner Mancini, no Corinthians.

Não só pelas quatro vitórias e dois empates, com apenas um gol sofrido, desde a derrota por 2 a 1 para o Galo na rodada 21, mas principalmente pelas soluções encontradas pelo treinador para fazer sua equipe render em diferentes cenários.

Jogar bem reagindo aos ataques do adversário favorito o time demonstrou contra o então líder Internacional, de Eduardo Coudet, em Itaquera. Depois do duro aprendizado nos 5 a 1 impostos pelo Flamengo, também na Neo Química Arena, quando o Corinthians tentou encarar de peito aberto uma equipe superior tecnicamente.

Na última derrota, a lição contra o time de Jorge Sampaoli de que só apostar na solidez defensiva, sem um contragolpe planejado, cobra um preço caro. O time paulista mostrou que aprendeu ao não abdicar do ataque mesmo com dois homens a menos no empate sem gols contra o Grêmio, também em casa.

Faltava a imposição clara contra equipes de menor investimento e em posição inferior na tabela. Jogando no campo de ataque, circulando a bola com velocidade e criando espaços em sistemas defensivos mais fechados. Tudo isso sem se expor demais, mantendo a organização atrás.

Conseguiu na virada sobre o Goiás por 2 a 1 e ratificou nos 2 a 0 contra o Botafogo no Estádio Nilton Santos.

É claro que o time carioca, por necessidade e até pelo estilo do treinador Eduardo Barroca, não se entrincheirou na defesa. Tentou jogar.

Mas o Corinthians respondeu com força no lado direito. Com Ramiro mantido por dentro e Gustavo "Mosquito" Silva na ponta. Ambos fazendo uma trinca com Fagner contra a estranha improvisação de Rafael Forster na lateral esquerda e Victor Luiz adiantado como ponta.

Cruzamento de Gustavo Silva, gol de Cazares. O meia que apareceu na área para fazer o primeiro gol com a camisa do Corinthians, mas faz o time girar na execução do 4-2-3-1 de Mancini, agora com variação para o 4-1-4-1 pela movimentação de Ramiro.

O time ainda sofre para resolver jogos controlados. Foi assim contra o líder São Paulo e, diante de um Botafogo desorganizado e exposto a seguidos contra-ataques, só resolveu no final com Mateus Vital. Decretando a primeira vitória no estádio do Botafogo, em nove partidas.

A sexta finalização no alvo de um total de 13. Cedendo apenas uma conclusão na direção da meta de Walter. Atuação segura de um time que sempre cresce com Jô fazendo o pivô, retendo a bola na frente e arrastando zagueiros para seus companheiros infiltrarem.

Fruto do trabalho de Mancini, que precisou de algum tempo para fazer a equipe mudar de patamar e de meta na competição, sonhando com um G-6 que pode abrir mais vagas dependendo dos campeões de Libertadores e Copa do Brasil.

Mas sempre demonstrando lastro de evolução, mesmo com turbulência política e dificuldades financeiras. Não é preciso dar tempo infinito ao treinador para ele provar que o trabalho é promissor.

Mancini faz valer as semanas livres. Agora terá o desafio de manter o foco e seguir evoluindo com 17 dias até o jogo contra o Fluminense em casa, no dia 13.

Confronto direto pelo novo e antes improvável objetivo: vaga na Libertadores. A distância parece cada vez menor.

(Estatisticas: SofaScore)