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André Rocha

Liverpool vacila e "maluco" Manchester United aproveita equilíbrio da liga

Rashford abraça Bruno Fernandes na comemoração de um dos seus gols - ANTHONY DEVLIN/AFP
Rashford abraça Bruno Fernandes na comemoração de um dos seus gols Imagem: ANTHONY DEVLIN/AFP

Colunista do UOL Esporte

05/01/2021 10h12

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Na 14ª rodada da Premier League, o Liverpool enfiou 7 a 0 fora de casa no Crystal Palace, logo depois de vencer o Tottenham de José Mourinho na disputa pela liderança, e parecia iniciar uma arrancada para o bicampeonato.

Mas parou nas últimas três rodadas, com empates contra West Bromwich (1 a 1 em casa) e Newcastle (0 a 0 no St James' Park), e derrota, também como visitante, para o Southampton por 1 a 0. Nas três partidas, o time de Jürgen Klopp teve média de posse superior a 70% e finalizou 45 vezes, mas apenas sete no alvo. Uma nas redes, de Sadio Mané. Mohamed Salah, artilheiro do campeonato com 13 gols, não teve sucesso.

O vacilo diminuiu o aproveitamento dos Reds para 64,7%. Abaixo dos 68,8% do Manchester United, que tem um jogo a menos em 17 rodadas - fora de casa contra o Burnley, pela primeira rodada, que será "pago" no dia 12. O time do quase sempre questionado Ole Gunnar Solksjaer. Depois de um início complicado, levando 6 a 1 do Tottenham e 3 a 1 do Crystal Palace no Old Trafford, vem de uma sequência invicta de 10 partidas, desde a derrota, também em casa, para o Arsenal por 1 a 0.

Oito vitórias, dois empates. 24 gols marcados, 11 sofridos. Destaque para os 6 a 2 sobre o Leeds United de Marcelo Bielsa. Sequência construída em meio à dolorida e insana eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões. De líder a terceiro colocado com as derrotas para os classificados PSG e RB Leipzig. Depois de um início avassalador superando o time francês em Paris e enfiando 5 a 0 em casa nos alemães.

Um time "maluco" que vai ganhando estabilidade com a afirmação do português Bruno Fernandes. Quase sempre o meia central do 4-2-3-1 que é forte pela direita com o apoio de Wan-Bissaka e ganhou consistência no meio-campo a partir da evolução da dupla McTominay e Fred que vem deixando Matic no banco e empurrando Pogba para uma função pela esquerda que muitas vezes varia o desenho tático para uma espécie de 4-3-1-2.

Na frente, Solksjaer dosa as energias dentro do possível alternando Rashford, Cavani, Martial e Greenwood em duas ou três funções. Só Bruno Fernandes parece inesgotável, com seus 11 gols, sete assistências e média de 3,2 finalizações por partida, É o único entre os cinco melhores nas três estatísticas mais relevantes no trabalho ofensivo.

O crescimento do maior campeão inglês, com 13 das 20 conquistas na Era Premier League, já assusta. A ponto de Klopp já ensaiar uma reclamação contra as arbitragens: "O Manchester United teve mais pênaltis em dois anos do que eu em cinco anos e meio", protestou o treinador depois da derrota na última partida.

De fato, são 30 a favor do Liverpool desde a temporada 2015/16, dois a menos que os Red Devils a partir de 2018/19. Mas na atual, que parece ser o problema para Klopp, foram seis para o United, um a mais em relação ao atual campeão. Mas cinco convertidos para cada lado. Não explica a queda de um e a ascensão do outro rival.

Mais realista atribuir ao equilíbrio em um campeonato praticamente sem pré-temporada. Entre a dupla de gigantes no topo da tabela e o Everton, sétimo colocado que também já foi líder, a diferença é de apenas quatro pontos. Com o City em quinto, também com 29 pontos, mas dois jogos a menos em uma tabela igualmente "suis generis".

Difícil fazer qualquer projeção, mas em fevereiro, quando vier o mata-mata da Champions, o Manchester United, que encara a Real Sociedad pela segunda fase da Liga Europa, pode ter mais lastro para privilegiar a liga e lutar pelo título que não conquista desde 2012/13, ainda com Alex Ferguson.

A dúvida é se terá fôlego nesta disputa de resistência ou voltará a oscilar forte, uma constante da equipe neste período sob o comando de Solksjaer. Também uma marca da Premier League 2020/21.

(Estatísticas: Whoscored.com)