Palmeiras, campeão da concentração. Cuca errou demais na final
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Foi mais uma final com times brasileiros instáveis demais no aspecto emocional. Confundindo marcação dura com truculência, errando jogadas bobas e arriscando pouco. Mesmo descontando o calor absurdo no Rio de Janeiro e a tensão de uma decisão de Libertadores.
Cuca optou por deixar Lucas Braga no banco e reforçar o meio-campo com Sandry. Decisão que tinha alguma lógica no aspecto tático, porém no lado emocional apresentou um Santos com menos coragem. Perdeu também a capacidade de surpreender no ataque, já que o 4-3-3 ficou engessado com Marinho, Kaio Jorge e Soteldo. Não teve mobilidade, nem aquela fúria que engoliu Grêmio e Boca Juniors nas etapas anteriores.
Veja o gol do título do Palmeiras, marcado por Breno Lopes
Deu também o refresco para Gabriel Menino, que não precisou voltar tanto para ajudar Marcos Rocha e foi meia pela direita no 4-2-3-1 habitual, com Raphael Veiga se movimentando por trás de Luiz Adriano. Só faltou criatividade, justamente porque as equipes arriscavam pouco. Os passes longos encontravam a defesa adversária postada.
Primeiro tempo de nenhuma finalização no alvo, mas três palmeirenses contra uma do rival, apesar dos 61% de posse santista, mas sem objetividade. A tensão se refletiu na efetividade dos passes: 76% do Santos, 64% do Palmeiras.
Segundo tempo que continuou na mesma toada, até Cuca resgatar a ideia que levou o time até a decisão, trocando Sandry por Lucas Braga. Mas Marinho já estava cansado e Soteldo teve muitos problemas para ganhar no físico de Marcos Rocha, Gabriel Menino e a cobertura de Luan. Kaio Jorge, o mais jovem e descansado, tentou duas finalizações perigosas, mas pararam em Weverton.
Abel Ferreira só se aventurou a olhar para seu banco mais recheado que o do adversário aos 39 minutos, trocando Menino por Breno Lopes. Rapidez e intensidade pelas pontas. Mas as demais substituições foram visando uma mais que provável prorrogação àquela altura. Times cansados e com medo de errar.
E o maior equívoco veio da área técnica. Cuca segurou a bola numa "disputa" com Marcos Rocha. Para quê? Nem era uma "treta", já que Marcos Rocha foi seu jogador no próprio Palmeiras. Tão inexplicável quanto a atitude intempestiva, depois de ser expulso, de subir na área dos convidados. Proporcionando mais uma aglomeração em tempos de retomada forte de pandemia que não foi respeitada pelos cinco mil presentes, todos muito próximos. Uma irresponsabilidade.
O resultado prático foi o comandante santista, protagonista em um trabalho brilhante e de liderança forte, desconcentrando totalmente seus jogadores. Exatamente o que foi conversado durante toda preparação, já que o alvinegro praiano se impôs atropelando os adversários desde o início e muitas vezes cedia gols e levava pressão nos finais dos jogos. Cuca não armou o time para atacar no começo e ajudou a desestabilizá-lo já nos acréscimos.
E levando o gol do título palmeirense no "Cucabol". Passe longo de Rony, a oitava assistência do camisa onze no torneio, falha de Pará no jogo aéreo, problema do Santos ao longo da temporada, e gol de Breno Lopes. O herói improvável vindo do Juventude, disputando a Série B. A oitava conclusão do campeão. Ùnica na direção da meta de John.
De novo a final única sendo definida no último ataque. Mais um treinador português faturando a Libertadores. Se faltou futebol de qualidade, sobrou concentração para não deixar escapar a chance de vencer a segunda do clube na história. Com méritos da melhor campanha geral, por ter superado, assim como o Flamengo em 2019, o River Plate, melhor time do continente nos últimos cinco anos.
Quem errou menos leva a taça para casa. Com justiça.
(Estatísticas: SofaScore)
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