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Gabigol no cassino é mais um triste capítulo do negacionismo no Flamengo
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Gabigol foi detido em cassino clandestino. Com 200 pessoas, ambiente fechado. Segundo o delegado, foi encontrado embaixo de uma mesa. Joga no Flamengo, mora no Rio de Janeiro. Mas estava em Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Capital de um estado que entra em fase emergencial nesta segunda-feira (15), inclusive com toque de recolher.
O atacante estava em seu último dia de folga antes da reapresentação para o início da temporada 2021. Mas nada justifica tamanha irresponsabilidade. Ainda mais para um ídolo que vivia um momento mágico de comunhão com os torcedores antes da pandemia. No Brasil e no continente. Uma referência para tanta gente.
Péssimo exemplo em momento gravíssimo no país. Com nova cepa, recorde de mortes, hospitais lotados. O jogador alega que foi jantar e queria sair logo por conta da aglomeração. Direito dele se defender, direito de qualquer um acreditar ou duvidar.
Até porque a postura do Flamengo desde março do ano passado tem sido lamentável. Forçando a volta açodada do futebol, liderando as tentativas de promover a volta do público aos estádios. Levando grande comitiva para os jogos pela Libertadores no Equador e deflagrando um surto de Covid-19 na delegação. Quem pagou o pato? O funcionário das mídias sociais, que perdeu o emprego por publicar uma foto dos jogadores sem máscaras dentro do avião.
Ainda o encontro com o presidente da república (assim, em minúsculas), símbolo maior da negligência e do descaso com o maior problema sanitário dos últimos cem anos, em Brasília/DF. Repleto de sorrisos e "resenha", inclusive de Gabigol. Todos sem máscaras.
O clube nega qualquer tipo de punição ao jogador. "Isso é assunto pessoal dele. Não viola qualquer vínculo contratual com o Flamengo. Aguardamos Gabriel na representação e torcemos que tenha um grande de ano", disse o vice-presidente jurídico rubro-negro, Rodrigo Dunshee de Abranches, ao companheiro Mauro Cezar Pereira.
Nenhuma surpresa. Esse é o modus operandi desde o início. Negar, fingir que não existe ou só se submeter quando não há outro jeito. Gabigol deveria estar de quarentena desde ontem. Depois vão pedir para adiar jogo porque atletas foram infectados novamente.
No Fla-Flu do Carioca, o time sub-23 comandado por Mauricio Souza, "reforçado" por Michael, sofreu a primeira derrota na competição. Mesmo dominando e finalizando muito mais. Mas a bola que entrou foi de Igor Julião. No ângulo do goleiro Gabriel Batista. Jogador politizado, com consciência social, o lateral tricolor comemorou com o punho erguido e, na entrevista depois do jogo, criticou a CBF por expor os atletas em voos comuns e pelo protocolo com falhas.
Também exaltou a postura do Fluminense durante a pandemia: "O time que a gente escolhe torcer também é um ato político". Aqui vale uma observação: às vezes é impossível deixar de torcer pelo time de coração, da infância. Mas em alguns momentos quando a derrota vem o lamento e a dor são menores, pela consciência de que não é por acaso.
O Flamengo vive um dos momentos mais vencedores de sua história no futebol. No futuro, porém, é bem provável que só as taças sejam lembradas com orgulho. Com Gabigol como protagonista no episódio mais épico, em Lima na final da Libertadores. Mas também um dos mais vergonhosos do período. Outro triste capítulo do negacionismo rubro-negro.
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