Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Alemanha de Löw pode aproveitar de novo a "vanguarda" do futebol mundial
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O ciclo de Joachim Löw na seleção da Alemanha parecia ter chegado ao fim com os 6 a 0 impostos pela Espanha em novembro pela Liga das Nações. Mas são quinze anos de trabalho - ou 17, se contarmos os dois anos sob o comando de Jürgen Klinsmann, com Löw como auxiliar. Conquistando um título mundial em 2014. Até por filosofia, não é fácil romper. Ficou para depois da Euro.
Parecia loucura, descartando a disputa de um título que não vence desde 1996. Ou mesmo colocar em risco o início da disputa pela classificação para o Mundial 2022, ainda que o Grupo J das eliminatórias se apresente mais que acessível contra Romênia, Armênia, Macedônia, Liechtenstein e Islândia. A crise parecia muito grave e sem retorno.
O anúncio da saída, porém, dá a impressão de ter deixado o clima mais leve, de transição. Sem tanta pressão pelo retorno dos mais experientes, como Muller, Boateng, Hummels, Kroos... A mudança mais nítida, porém, se apresentou no campo. Muito em função do que vem acontecendo no universo dos grandes clubes europeus.
Bayern de Munique e Manchester City são os melhores times do continente e do planeta no momento. Löw aproveita não só Neuer, Kimmich, Goretzka, Gnabry e Sané da equipe de Hansi Flick, mas principalmente a fase ascendente (e artilheira) de Gundogan sob o comando de Pep Guardiola. De quebra, o encaixe no ataque de outro emergente: Kai Havertz, que acelera sua evolução na Inglaterra sob o comando de Thomas Tuchel, outro alemão, no Chelsea. Ou seja, a "vanguarda".
Nas vitórias sobre Islândia (3 a 0) e Romênia (1 a 0), um 4-3-3 que constroi impressionante volume de jogo a partir de um trio de meio-campistas com fina sintonia: Kimmich como organizador e Goretkza e Gundogan entrando toda hora na área adversária. Um gol de cada contra a Islândia.
O outro foi de Havertz, que abre pela direita para Gnabry, autor do gol da vitória sobre a Romênia, ser o atacante por dentro e Sané ocupar o lado esquerdo. Mas com muita movimentação, obviamente. Também a intensidade do perde-pressiona na frente.
O equilíbrio se dá com uma última linha mais cuidadosa: Klostermann, do RB Leipzig, pela direita; Ginter (Monchengladbach) e Rudiger (Chelsea) na zaga e Emre Can improvisado pela esquerda. Dos quatro, o lateral direito é o que desce mais. Organização e equilíbrio, mas antenado com o que se faz de melhor no planeta.
A mesma "fórmula" do título mundial de 2014. Combinando o melhor do Bayern de Jupp Heynckes e do Dortmund de Jürgen Klopp, finalistas da Liga dos Campeões 2012/13, e as digitais de Pep Guardiola na sua primeira temporada em Munique. A arrancada final no Brasil teve Philipp Lahm de volta à lateral direita e Miroslav Klose no ataque. Valorizando a posse no ritmo de Toni Kroos, mas sabendo acelerar e ser letal, especialmente nos 7 a 1 no Mineirão.
Agora o ciclo é mais complexo, mas pode, sim, render o título continental. Os ajustes são necessários, especialmente na transição defensiva que foi explorada pela Romênia, que finalizou nove vezes, duas no alvo. Com 34% de posse e dando algum sufoco nos últimos minutos.
Mas a Alemanha repete o Bayern na maneira como se impõe, mesmo quando dá a impressão de sofrimento. Além de controlar a bola, mesmo fora de casa, finalizou 18 vezes. Metade na direção da meta do goleiro Nita, que foi o grande destaque da partida.
Pode dar liga, mesmo sem os veteranos neste ato final com Löw. E duelar em equilíbrio de forças com França, Portugal, Bélgica, Espanha e Inglaterra. Para apagar os vexames recentes e recolocar uma gigante tetracampeã mundial entre as principais seleções da Europa e do mundo.
(Estatísticas: Whoscored.com)
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