Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Retorno do Flamengo de Ceni foi bom, mas time pode ser ainda mais móvel
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O adversário era o Bangu, penúltimo colocado. Mas o time de Moça Bonita só havia sofrido quatro gols nas seis rodadas anteriores do primeiro turno do Carioca.
A volta dos titulares do Flamengo, com Rogério Ceni no comando à beira do campo, foi surpreendentemente boa. Não só pelos 3 a 0 construídos com naturalidade e autoridade no Estádio Raulino Oliveira, em Volta Redonda. Mas principalmente pela dinâmica. As duas semanas de folga e as 22 sessões de treinamento em 15 dias nitidamente fizeram bem aos atletas, visivelmente mais inteiros e soltos em campo.
E o que se viu foi um volume de jogo avassalador, com rotação alta e muita intensidade para empurrar o Bangu para o próprio campo. Mesmo com linha de cinco na defesa e ainda o veterano Marcelo Mattos na proteção, era difícil se defender da avalanche que tinha Gerson e Diego se juntando ao quarteto ofensivo, mais Isla bem aberto à direita e Filipe Luís na construção do lado oposto, porém mais por dentro. Auxiliando Willian Arão e Gustavo Henrique, zagueiros jogando também no campo adversário.
Apesar da mobilidade, o desenho tático na maior parte do tempo foi um 4-2-3-1, com Arrascaeta circulando para buscar ou criar os espaços entre a defesa e o meio-campo do oponente, e Bruno Henrique mais à esquerda. Compreensível que haja um ponta abrindo o campo, considerando que o lateral trabalha mais na articulação.
Mas é desperdício que um atacante com a capacidade de desequilibrar de Bruno Henrique dentro do cenário nacional ainda fique muito preso a um setor do campo. Recebe com a retaguarda postada e não encontra espaço para acelerar. Só tem chance de finalização se infiltrar em diagonal ou aparecer na área para finalizar o ataque criado do lado oposto. Como no gol que abriu o placar, no final do primeiro tempo, concluindo de cabeça o bom cruzamento de Diego pela direita.
Arrascaeta marcou o segundo em bela jogada individual na segunda etapa e tem mesmo que ganhar liberdade total. É o meia do passe diferente, como o de letra que serviu Gabigol, mas o camisa nove adiantou e tentou cavar um pênalti na disputa com o goleiro Paulo Henrique. Os companheiros de ataque é que devem seguir o exemplo do uruguaio.
Principalmente em movimentos que respeitem os "pés bons" dos jogadores. Gerson, Everton Ribeiro e Gabigol, canhotos, podem aparecer mais pelo lado esquerdo, para buscar a linha de fundo ou receber e finalizar em um toque com mais conforto. O mesmo vale para o destro Bruno Henrique à direita. Não precisa acontecer a todo momento, mas pode fazer parte do "cardápio" com mais frequência.
De qualquer forma, o saldo final foi positivo. Até pelo que não se concretizou objetivamente, como algumas tabelas por dentro que não vinham acontecendo e viradas de jogo mais rápidas para desarticular o bloqueio defensivo. Os 67% de posse de bola, com 95% de efetividade nos passes, e as 19 finalizações, sete no alvo, são o reflexo nas estatísticas da vitória com boa atuação.
Inclusive com os reservas mantendo o nível de desempenho. Bruno Viana, João Gomes, Rodrigo Muniz e Vitinho, que serviu Gabigol no gol que fechou o placar. Só Michael que destoou novamente, se atrapalhando seguidamente pela esquerda. Não diminuiu, porém, a impressão de que o Flamengo deve sobrar ainda mais nesta edição do estadual e o tricampeonato só fica ameaçado pelo imponderável.
Ainda mais se o time dobrar a aposta na mobilidade. Para um clube que é correto ao fazer todo esforço para manter a base titular, repetindo o acerto de temporadas vitoriosas como 1982 e 1992, a necessidade de criar novas soluções para não ficar "manjado" é natural. Rogério Ceni foi bem em sua estreia no Carioca, mas ainda há muita margem para evolução.
(Estatísticas: Footstats)
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