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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Desafio do Real Madrid contra o Chelsea é jogar sem espaços para acelerar

Vinícius Jr. e Toni Kroos comemoram gol do Real Madrid contra o Liverpool - SUSANA VERA/REUTERS
Vinícius Jr. e Toni Kroos comemoram gol do Real Madrid contra o Liverpool Imagem: SUSANA VERA/REUTERS

Colunista do UOL Esporte

27/04/2021 04h00

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O Chelsea venceu a semifinal da Copa da Inglaterra contra o Manchester City com 44% de posse de bola e finalizando cinco vezes contra 11, mas três no alvo para cada equipe. Na mais bem-sucedida, contragolpe letal e gol da vitória marcado por Ziyech. Um dos atacantes do 3-4-3, ou 3-4-2-1 armado por Thomas Tuchel.

Sob o comando do treinador alemão, os Blues sofreram apenas nove gols em 21 partidas. Em 16 delas, o time não foi vazado. Fruto de enorme organização defensiva, com muita concentração para negar espaços. Até mesmo para a equipe de Pep Guardiola, no único revés com eliminação até aqui na temporada do City.

Mas o adversário em outra semifinal, desta vez na Liga dos Campeões, é o Real Madrid. Time que já costuma ter a cultura de priorizar o torneio, como maior campeão disparado com 13 conquistas. E agora com o título espanhol mais distante, embora longe de ser inviável, a tendência é focar na competição continental.

Com Zidane no comando técnico e a base tricampeã que pode ganhar Marcelo na lateral esquerda por conta da ausência de Mendy. Opção ofensiva para tentar sobrecarregar com Vinícius Júnior o setor de Reece James e a cobertura de Azpilicueta, novamente um lateral na zaga, formando o trio com Thiago Silva e Rudiger.

Mas o time merengue vai precisar mesmo da precisão de seu trio já histórico no meio-campo: Casemiro, Modric e Kroos. Para trabalhar a posse de bola paciente, superar o forte bloqueio que deve contar com o incansável Kanté, inverter o jogo e tentar encaixar dois contra um pelos lados - na direita, Carvajal está de volta e deve fazer dupla com Asensio no provável 4-3-3. Muitas jogadas pelos flancos buscando Karim Benzema na área. Eden Hazard, ex-Chelsea, deve iniciar no banco.

O desafio é jogar no campo adversário, sem espaços para acelerar, que foi a grande virtude do time que superou o Liverpool nas quartas. Do lançamento primoroso de Kroos para Vinicius Júnior infiltrar em diagonal nas costas de Alexander-Arnold e bater na saída de Alisson.

Velocidade e objetividade na transição ofensiva que devem ser a principal arma do Chelsea, com Mason Mount, Havertz (ou Ziyech) e Timo Werner. Problema para o brasileiro Éder Militão, que deve substituir Sergio Ramos na zaga e fará dupla com Varane. Zidane pode optar por Nacho na lateral esquerda, para dar mais segurança nesse enfrentamento com os atacantes do time inglês. No Estádio Alfredo Di Stéfano, sofrer um gol "qualificado" pode ser fatal no confronto.

O Real Madrid não foi às redes em três de seus últimos quatro jogos. Momento de oscilação em série invicta de 17 partidas. Mas Champions para o time blanco é sempre uma boa possibilidade de recuperação. Ou de se agigantar para chegar a mais uma final. Mesmo em litígio com a UEFA por causa da liderança na criação da praticamente falida ideia da Superliga da Europa.

O desconforto, porém, será grande. O Chelsea é sólido e, vivendo um processo de transição com elenco e treinador, entra como "zebra". Nada a perder, outra chance de fazer história.

(Estatísticas: Whoscored.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL