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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Clássico dá fio de esperança ao Corinthians com novo sistema e Luan aceso

Luan, atacante do Corinthians, disputa bola com Luan, volante do São Paulo, em clássico na Neo Química Arena pelo Paulista - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Luan, atacante do Corinthians, disputa bola com Luan, volante do São Paulo, em clássico na Neo Química Arena pelo Paulista Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Colunista do UOL Esporte

03/05/2021 07h48

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O gol de pênalti de Luciano que empatou o Majestoso no final não deixou de ser frustrante para o Corinthians na Neo Química Arena. Para quem se acostumou a vencer o São Paulo em casa e, mesmo em baixa, sustentou a invencibilidade contra o rival em Itaquera, a impressão é de que os três pontos escaparam.

Mas o duelo com o melhor time do Paulista, mesmo com a formação muito mexida por Hernán Crespo, aponta soluções para a equipe de Vagner Mancini se reestruturar já visando a fase final do estadual, além da sequência complicada no Grupo E da Sul-Americana - sem contar o início do Brasileiro no fim do mês e o confronto com o Atlético-GO pela terceira fase da Copa do Brasil.

A começar pela utilização de três zagueiros. Sofrendo um pouco no início para sair jogando, também por conta da forte pressão são-paulina, mas depois encontrando um escape com o jovem João Vítor conduzindo a bola pela direita e empurrando Fagner como ponta ou até meia. Do lado oposto, mais cuidado de Raul Gustavo, aos poucos compensado pela melhora do desempenho de Lucas Piton na ala esquerda.

O 3-4-1-2 reorganizou a última linha defensiva e deu mais segurança para avançar e pressionar. No primeiro gol, o movimento rendeu um lateral que foi cobrado rapidamente e fez Ramiro encontrar Luan pela primeira vez com liberdade, sem ser encaixotado pelo seu "xará", volante do São Paulo. Um golaço que trouxe o time de volta para o jogo depois de Miranda abrir o placar e o rival dominar o primeiro tempo.

Gustavo Mosquito entregou mais intensidade e profundidade que Otero e apareceu na área para receber assistência de Fagner e decretar a virada que parecia improvável. Crespo apelou para os titulares Liziero, Benítez, Pablo e Luciano, porém o desempenho coletivo até piorou, também por mérito corintiano. Os donos da casa tiveram 55% de posse e as mesmas cinco finalizações que o oponente. Três no alvo, duas nas redes.

O novo sistema precisa de mais minutos e ajustes, mas é interessante pela liberdade que dá a Fagner. E depende fundamentalmente do despertar definitivo de Luan. O articulador que também tem que aparecer na área para finalizar não pode ficar tanto tempo fora do jogo, entregue ao encaixe de marcação do volante adversário.

Viver apenas de espasmos ou lampejos tira consistência do coletivo. Na segunda etapa, sim, ficou aceso por mais tempo. Perdeu gol feito em jogada que provavelmente seria anulada pela saída de bola, mas foi mais participativo.

O clássico dá um fio de esperança, mesmo no cenário caótico em que os jovens precisam se sustentar apesar da irregularidade dos mais experientes. João Vitor errou no pênalti tolo sobre Pablo no final, mas pode ser útil como o zagueiro mais ágil e versátil do trio, cumprindo papel de lateral na fase ofensiva.

Apesar do contexto de jogos atropelados e a necessidade dos clubes rodarem seus elencos no Paulista, terminar a fase de grupos sem perder clássicos é importante para o Corinthians não ter a confiança ainda mais abalada. Vejamos como será a evolução nos próximos jogos.

Por ora fica a dúvida se a motivação de jogar mordido pelo papel de "zebra" influiu diretamente no desempenho geral. Seja como for, ficou claro que Vagner Mancini pode tirar mais desse elenco.

(Estatísticas: Footstats)