Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
A mudança tática que arrumou o Fluminense para fazer história no Monumental
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É claro que o River Plate sentiu os efeitos do surto de Covid. Não só pelos quatro jogadores infectados que voltaram praticamente sem treinar, mas também por conta do cansaço dos outros sete que, na vitória de superação sobre o Santa Fé, tiveram que atuar por 90 minutos.
Só que o Fluminense também vinha de forte desgaste físico e mental da final carioca. Era difícil buscar equilíbrio em três dias para ir atrás de uma classificação na Libertadores enfrentando fora de casa um gigante sul-americano.
Por isso nada, absolutamente nada diminui o feito do time carioca na vitória por 3 a 1 em Buenos Aires. Era o River Plate de Marcelo Gallardo no Monumental de Nuñez, no dia do aniversário de 120 anos do time argentino.
Triunfo de fibra, personalidade, mas também de inteligência. Dos atletas administrando o jogo, mas principalmente do treinador Roger Machado. Contestado, talvez até ameaçado se saísse derrotado e eliminado. Mas com cabeça fria para uma sutil mudança tática que arrumou o Fluminense.
Não é só questão dos números do sistema ao sair do 4-2-3-1/4-4-2 para o 4-1-4-1/4-3-3. Foi a alteração no posicionamento de dois jogadores que mexeu em toda dinâmica.
Nenê recuou como meia, alinhado a Yago Felipe e deixando Martinelli mais centralizado à frente da defesa. O jovem e promissor volante protegeu melhor a retaguarda e bloqueou os espaços às costas do meio-campo que foram bem aproveitados pelo Flamengo no sábado. Além de colaborar na saída de bola mais próximo dos zagueiros.
Sem avançar como praticamente um segundo atacante, Nenê participou mais da articulação e ganhou espaços para aparecer de trás como elemento surpreso. Assim recebeu de Fred para marcar o segundo gol. Pela esquerda, apesar de ter aparecido bem mais à direita durante toda partida.
Roger também mexeu nas laterais. Não só trocando Calegari e Danilo Barcelos por Samuel Xavier e Egídio, mas também os pontas, com Luiz Henrique e Kayky dando lugar a Caio Paulista e Gabriel Teixeira. As mudanças deram mais intensidade e rapidez nas transições pelos flancos.
O novo esquema possibilitou que Fred se mexesse mais, quase como um "falso nove". Ou o camisa dez que entregou duas assistências. A primeira para Caio Paulista, que abriu o placar no Monumental. Sem Nenê tão próximo e com menos responsabilidade para pressionar a defesa adversária, o camisa nove liderou a equipe brasileira na técnica e na experiência.
O River teve chances de complicar o jogo no primeiro tempo, como nas finalizações de Álvarez e Borré que Marcos Felipe defendeu e também no chute na trave de Carrascal. Mas o desempenho coletivo do time de Gallardo foi prejudicado também por algumas escolhas do treinador, como o recuo de De La Cruz como volante. O uruguaio fez péssimo primeiro tempo e falhou no segundo gol.
Curiosamente, os argentinos cresceram no segundo tempo depois da expulsão de Maidana. Atacando num suicida 2-3-4, o River diminui com Girotti e se beneficiou da demora de Roger para fazer substituições. Talvez movido pelo encaixe perfeito da equipe no primeiro tempo.
Mas renovando o fôlego com as entradas de Calegari, Luiz Henrique e Abel Hernández, depois Wellington e Cazares, o Flu encaixou o contragolpe final no gol de Yago Felipe, outro destaque atuando mais adiantado, como meia.
Com apenas 38% de posse, o Fluminense finalizou as mesmas 14 vezes que o River, mas cinco a quatro no alvo. Assim como no empate no Maracanã, o River ficou desconfortável na tentativa de controlar o jogo pela posse. O Flu pressionava, roubava e acelerava. Desta vez foi mais preciso nas conclusões.
Poderia ter mandado o poderoso River Plate para a Sul-Americana, caso o Junior Barranquilla tivesse achado um gol contra o Santa Fé. Difícil entender os times colombianos...
O Fluminense cumpriu sua missão com louvor. E a nova organização tática deve servir de referência para a sequência da temporada. Com a moral de primeiro colocado em grupo complicado. Se juntando a Cruzeiro e Palmeiras como únicos brasileiros a vencer Boca Juniors e River Plate em seus lendários estádios. Fez história.
(Estatísticas: SofaScore)
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