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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Corinthians não se garante para jogar como Sylvinho planeja

Colunista do UOL Esporte

02/06/2021 23h58

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Você já leu neste espaço que hoje a maior virtude de uma equipe de futebol é a inteligência para adaptar-se aos mais diferentes contextos. Versatilidade dentro de um modelo de jogo que combine com as características dos jogadores.

Sylvinho foi apresentado no Corinthians há oito dias. Depois de muitas dificuldades do clube para fechar com um treinador. O velho dilema: time gigante, mas ambições modestas. Renato Gaúcho preferiu descansar mais um pouco, Diego Aguirre também recusou a proposta. Sylvinho, que trabalhou com Mano Menezes, Tite e Carille, era uma possível esperança de uma retomada dentro da identidade vencedora dos últimos anos.

Só que o novo treinador corintiano pensa futebol diferente. Acredita em posse, protagonismo e proposta ofensiva de jogo. E já ficou claro que esta é a ideia. Só que, na prática, a equipe mostrou nos dois confrontos em Itaquera com Atlético-GO, por Brasileiro e Copa do Brasil, que a transformação será mais que complexa.

Porque o time não se garante para adiantar linhas, trabalhar a bola, criar espaços e ser eficiente no ataque. Desde a construção de trás até o acabamento das ações ofensivas. No 4-3-3, a aposta era na movimentação de Luan como "falso nove" entre a defesa e o meio-campo do time goiano, treinado por Eduardo Barroca.

Os visitantes, porém, negavam espaços com duas linhas de quatro compactas e bem coordenadas, além de um contragolpe bem planejado, acelerando pela direita com Dudu e Ronald, este autor do primeiro gol e que serviu João Paulo no segundo. Com 19 minutos de jogo, o Corinthians parecia destruído, inclusive pela falha do jovem zagueiro Raul Gustavo na intermediária ofensiva que gerou o contragolpe do segundo gol. Escancarou as limitações que não são condizentes com a ideia de se expor tanto.

O Corinthians só ameaçou com duas cabeçadas, de Araos e Vital. Nenhuma infiltração em diagonal dos pontas Gustavo Mosquito e Vital. Tudo piorou com a expulsão de Fagner, em um segundo cartão amarelo que pode ser colocado na conta da fama de violento do lateral e também por causa da troca de agressões com o atacante Zé Roberto. A entrada não era para punição, mesmo em um contra-ataque.

Sylvinho tentou recompor a defesa com Bruno Méndez na vaga de Vital, além das trocas do meio para frente, incluindo Jô como centroavante mais fixo. Mas o Atlético teve a chance de praticamente definir o confronto com as chances desperdiçadas por Pablo Dyego e Lucão.

Com 48% de posse e 13 finalizações, três no alvo. Duas nas redes. A nova vitória, depois do triunfo por 1 a 0 no domingo, aumentou para sete jogos a invencibilidade, com apenas uma derrota em 24 partidas. A resposta com Barroca foi positiva.

Justamente por armar sua equipe de acordo com as possibilidades e características do elenco. Uma boa lição para Sylvinho. Com idealismo, o caminho será bem mais tortuoso.

(Estatísticas: SofaScore)