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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Itália na decisão faz justiça ao conjunto da obra, nem tanto pela semifinal

Federico Chiesa comemora gol da Itália contra a Espanha pela semifinal da Eurocopa - Getty Images
Federico Chiesa comemora gol da Itália contra a Espanha pela semifinal da Eurocopa Imagem: Getty Images

Colunista do UOL Esporte

06/07/2021 19h14

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Luis Enrique surpreendeu na formação inicial da Espanha com Dani Olmo como uma espécie de "falso nove" que obrigava Jorginho a ficar mais fixo à frente da defesa e empurrou a Itália para a defesa. Até porque Pedri, o meia pela esquerda do 4-3-3 espanhol, deitava e rolava nas costas de Barella.

Desta vez, a seleção de Roberto Mancini não conseguiu ficar com a bola, nem impor o volume de jogo que é a marca da equipe. A ausência do lesionado Spinazzola pesou, apesar da boa atuação de Emerson Palmieri, brasileiro naturalizado que chegou a chutar no travessão e ter bom entendimento com Insigne. Mas faltava fluência ao então melhor futebol da Euro.

A sorte da Azzurra foi uma "recaída" na contundência no primeiro tempo do melhor ataque da Euro, com 13 gols. Apenas cinco finalizações, uma no alvo. Com 61% de posse e 90% na efetividade nos passes. Também pela concentração defensiva italiana, mesmo com dificuldades contra as diagonais dos ponteiros Oyarzabal e Ferrán Torres.

A Espanha deu chance para a Itália coordenar a rápida transição ofensiva que encontrou Chiesa pela esquerda para abrir o placar. A seleção do controle pela posse resgatou o velho "contropiede" e parecia encaminhar a 14ª vitória consecutiva.

Mas Luis Enrique apelou para Morata na referência e Olmo passou a circular da esquerda para dentro. E a Espanha estigmatizada pelo "tiki taka" datado de 2010 empatou acelerando o ataque com passe vertical por dentro. De Olmo para Morata, que marcou seu sexto gol e se tornou o maior artilheiro do país na história do torneio. Quem diria!

As muitas substituições descaracterizaram mais a Azzurra. Com Toloi na lateral direita, deslocando Di Lorenzo para a esquerda. Insigne chegou a ser uma espécie de nove móvel, com Berardi e Chiesa nas pontas. Depois Mancini também apelou para a referência, com Belotti. A Espanha equilibrou melhor as peças e deu a impressão de ficar mais perto da vitória, inclusive na prorrogação.

No final, 65% de posse, 89% na efetividade nos passes e 16 finalizações contra sete, mas quatro no alvo para cada lado. A Espanha dominou os 120 minutos, mas falhou no acabamento. Inclusive nos pênaltis, com Olmo isolando a chance de começar a decisão mais forte mentalmente depois de Locatelli perder a primeira cobrança. Depois todos converterem até Donnarumma parar Morata (tinha que ser ele!) e Jorginho, gelado, apenas empurrar deslocando Simón.

Itália na final com justiça, muito mais pelo conjunto da obra na Euro do que pela bola jogada na semifinal em Wembley. Aumentando a invencibilidade para 33 partidas e chegando à quarta decisão, buscando o bi para repetir 1968. Desta vez com mais sorte que juízo.

(Estatísticas: SofaScore)