Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Messi será "The Best FIFA" de novo, mas qual é o impacto no futebol atual?
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A seleção principal da Argentina conquistou um título depois de 28 anos. Copa América, no Maracanã contra o Brasil na final. Em tese, um feito grandioso, sim. Mas que precisa ser relativizado pela organização a toque de caixa, depois das recusas da Colômbia e da própria Argentina para sediar e politizada pelo governo brasileiro, por cima de mais meio milhão de mortos na pandemia.
Torneio banalizado pela quarta edição em seis anos, de baixo nível técnico, disputado em gramados não mais que razoáveis. Com final tensa e violenta, decidida em uma falha de Renan Lodi que Di María aproveitou. Depois os argentinos administraram com solidez defensiva, rodízio de faltas em Neymar e a velha "milonga" para ganhar tempo. No Maracanã, mas apenas com o público liberado pela Conmebol, em acesso desorganizado, incluindo testes de covid fraudados. Uma vergonha.
Para o contexto argentino, porém, foi grandioso. Guardando as devidas proporções, parecido com a catarse do São Paulo pelo título paulista. Sem conquistas desde 1993, o povo foi às ruas comemorar como Copa do Mundo. Também pela primeira taça levantada por Lionel Messi. No apito final, todos foram abraçar o camisa dez e capitão.
Artilheiro e craque da competição, com quatro gols e cinco assistências. Mesmo jogando mal a final e perdendo gol feito no segundo tempo, se atrapalhando à frente do goleiro Ederson. Mas, indubitavelmente, o grande símbolo desta Copa América.
Título e desempenho que devem proporcionar a Messi o sétimo prêmio "The Best FIFA". Na ausência de um grande destaque individual no Chelsea, vencedor da Liga dos Campeões, e na Itália, campeã da Eurocopa, os eleitores certamente vão optar pelo gênio em um ano emblemático pela vitória com a seleção.
Mesmo em uma temporada frustrante no Barcelona. Eliminado nas oitavas da Champions, terceiro colocado em La Liga. Só vencendo a Copa do Rei. Nem o romantismo do que seria "A Última Dança" pesou, já que o clube catalão sinalizou que desejava a permanência e, objetivamente, nenhum time bilionário apareceu com uma proposta concreta para levar o gênio argentino. Ele está sem contrato, mas deve seguir na Catalunha.
Em um futebol cada vez mais intenso, tático e coletivo, Lionel Messi não ostenta o protagonismo de outros tempos no mais alto nível. Natural que seja assim aos 34 anos, caminhando em campo na maior parte do tempo e só acelerando com a bola grudada nos pés. Depois de mais de uma década com enorme influência no jogo. Mas é justamente pelo fato dos times e seleções mais vencedores não dependerem exclusivamente de uma estrela que ele segue abocanhando os prêmios individuais.
Cristiano Ronaldo vive período de transição na Juventus e em Portugal, Kevin De Bruyne conviveu com lesões, Neymar e Mbappé não venceram sequer a liga francesa. Haaland é fenômeno, mas ainda muito verde e Lewandowski, o atual melhor do mundo, faltou no momento decisivo na Champions e não conseguiu carregar nas costas a Polônia na Euro. Apesar do recorde de gols na Alemanha.
Kanté, Jorginho e Donnarumma não têm impacto midiático para concorrer a um prêmio que considera bastante a "grife" ou a repercussão das conquistas. Messi é uma espécie de "top of mind". Por qualquer feito sempre será lembrado. O primeiro título com a Argentina é um motivo suficiente, mesmo com o contexto que tirou relevância desta Copa América.
Messi é o melhor que este que escreve viu em quase quatro décadas acompanhando o esporte com paixão. O questionamento, porém, é inevitável: o argentino não estaria agora restrito a uma "bolha" só dele? Qual o real impacto do camisa dez do Barcelona e da Argentina no futebol atual?
Para a história ficarão outro prêmio da FIFA e o fim do jejum na seleção. Mas vale a reflexão em perspectiva. Ou já na retrospectiva da carreira de um dos maiores e melhores de todos os tempos.
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