Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Empate no clássico dos encaixes é melhor para o Palmeiras
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Depois de sofrer com os encaixes do São Paulo de Hernán Crespo nos duelos anteriores, inclusive a final do Paulista, Abel Ferreira escolheu abrir mão de Gustavo Scarpa e de uma referência na frente com Deyverson e apostar em velocidade e mobilidade com Dudu, Rony e Breno Lopes. Fato novo no Palmeiras para tentar surpreender no Morumbi.
O herói do gol do título da última Libertadores atuou como uma espécie de ala pela esquerda, para bater com Daniel Alves. Aliás, o primeiro tempo ficou muito concentrado neste setor do campo, direito do São Paulo. A ponto do lado oposto ter Leo, que era um lateral-zagueiro, e Marcos Rocha fazerem o encaixe um no outro, mas separados por cerca de 40 metros.
Há uma grande vantagem nessa maneira de marcar: com concentração e intensidade, é possível sufocar o adversário colocando pressão em quem está com a bola e fechar as linhas de passe. Mas um desmarque causa efeito dominó. Se o oponente se movimenta muito, a desorganização no próprio time faz com que os setores fiquem muito bagunçados para atacar.
Sem contar o enorme desgaste mental e físico, por marcar correndo. Não deve ser por acaso a série de lesões musculare no tricolor paulista - desta vez foi Welington, que substitui na volta do intervalo o zagueiro Arboleda, também voltando de contusão.
O que se viu foi uma certa desordem em campo e as melhores chances apareceram na bola parada. Ou quando os "coringas" Gabriel Sara a Dudu, jogadores com mais liberdade para circular em campo, conseguiam se desmarcar. Sara finalizou para bela defesa de Weverton, Dudu arrancou driblando e tocou para Breno Lopes, que tentou chutar com a direita uma chance clara que caiu no pé esquerdo.
Na segunda etapa, com Welington na lateral esquerda e Leo definitivamente na zaga ao lado de Miranda, o São Paulo voltou melhor. Mesmo com Daniel Alves sofrendo para conter Wesley, que entrou na vaga de Breno Lopes, com Renan mais definido como lateral pela esquerda para ajustar os encaixes.
Só que há, na prática, um grande "ponto cego" dessa maneira de defender: se um volante como Luan se projetar e aparecer na área rival, um atacante como Dudu ou um meia como Raphael Veiga não vai recuar tanto. Nem Zé Rafael perseguiu Rodrigo Nestor, que finalizou duas vezes para Weverton salvar e, no rebote, Luan repetir o feito da final paulista.
O Palmeiras balançou com o gol sofrido, o time da casa tomou conta. Mas aí entrou um grande mérito do Alviverde: não se desmanchar mentalmente na adversidade. Abel trocou Zé Rafael por Patrick de Paula. Com a personalidade costumeira, o camisa cinco assumiu a cobrança de falta e chutou cruzado, não tão forte. Mas Tiago Volpi, que havia montado mal a barreira com apenas um homem, deixou a bola escapar.
Foi o gol "qualificado" que o Palmeiras tanto queria e precisava. Mas era possível até conseguir algo melhor que o 1 a 1. Com Luiz Adriano e Gabriel Veron nas vagas de Rony e Veiga, o time visitante pareceu mais perto da virada. Com Dudu jogando pela primeira vez os 90 minutos e contribuindo mais. Mesmo com apenas 40% de posse, finalizou 14 vezes. Mas só duas no alvo. O São Paulo concluiu 16, sete na direção da meta de Weverton. No entanto, caiu fisicamente no final, mais uma vez. E Rigoni não foi o ponto de desequilíbrio de outras partidas.
No geral, a equipe de Crespo foi superior. Por isso o empate no clássico dos encaixes foi melhor para o Palmeiras. A chance de equilibrar as forças na volta no Allianz Parque é o São Paulo dosar melhor as energias no fim de semana. Enquanto o duelo pelo Brasileiro será contra o Grêmio em casa, o Palmeiras vai ao Mineirão disputar a liderança com o Galo.
Pode condicionar o confronto, mas a vantagem de se classificar em seus domínios caso não sofra gol é grande trunfo para um time como o atual campeão sul-americano. Mesmo sem jogar bem.
(Estatísticas: SofaScore)
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