Topo

André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Derrota para o Tottenham mostra que o Manchester City precisa de Harry Kane

Son marca o gol da vitória do Tottenham contra o Manchester City na Premier League  - REUTERS
Son marca o gol da vitória do Tottenham contra o Manchester City na Premier League Imagem: REUTERS

Colunista do UOL Esporte

16/08/2021 06h43

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Foi só a estreia na Premier League defendendo o título, a primeira partida desde o início com Jack Grealish, a grande negociação do clube na janela até aqui por 100 milhões de libras. Kevin De Bruyne começou no banco e a equipe iniciou a partida muito mexida em relação à formação que terminou a temporada passada.

Além disso, a atmosfera no estádio do Tottenham com torcida era fantástica e havia um clima de rivalidade no ar. Não só pelo time da casa desafiar o atual campeão, que venceu três das últimas quatro edições da competição, mas principalmente por causa de Harry Kane.

Depois da derrota na final da Eurocopa para a Itália, talvez por notar que, aos 28 anos, a carreira está passando sem títulos, o atacante decidiu deixar os Spurs, mesmo com contrato até 2024, e quer ser comandado por Pep Guardiola. Não é negociação simples, nem barata, até porque o clube londrino não aceita ceder seu artilheiro para um concorrente que já vem levando vantagem.

No jogo, porém, ficou claro que, se Kane acha que precisa do City, o time do treinador catalão também necessita de um centroavante artilheiro. Na partida em Londres, com Mahrez, Ferrán Torres e Sterling no ataque e Gabriel Jesus entrando no segundo tempo, a equipe não conseguiu ir às redes nos períodos de domìnio. Especialmente no início da partida e em boa parte da segunda etapa, depois do gol de Son.

Os Spurs, agora comandados por Nuno Espírito Santo, recuavam as linhas em um 4-1-4-1 e aceleravam as transições ofensivas com Lucas e Son. Kane não foi sequer relacionado, com a alegação oficial de que está recuperando a forma depois de se apresentar mais tarde por causa da Euro. O time não foi tão compacto, mas manteve a rapidez e objetividade nos contragolpes, o melhor dos tempos de José Mourinho. Assim foi às redes e finalizou 13 vezes, três no alvo.

O City concluiu 18, apenas quatro na direção da meta de Lloris. Faltou novamente "punch" ao ataque em jogo grande. No duelo com o próprio Tottenham pela decisão da Copa da Liga, o time azul de Manchester massacrou, mas só conseguiu ir às redes na bola parada, com gol de Laporte. Na final da Champions, escalação confusa de Guardiola à parte, o time também sentiu falta de um atacante com presença de área e eficiência nas finalizações.

Aliás, mesmo o Chelsea de Thomas Tuchel, campeão europeu, fez um movimento impactante no mercado, tirando Romero Lukaku da Internazionale. Justamente para melhorar a relação entre os "gols esperados" (o famoso "xG") e as bolas nas redes, um problema para Timo Werner. Foi compensado na Champions, mas o treinador alemão sabe que é preciso evoluir para seguir no topo.

Assim como Lukaku, Kane é um centroavante que se encaixa bem no trabalho coletivo. O belga com movimentação constante se apresentando para atacar em profundidade, o inglês sabendo recuar para participar da articulação das jogadas entre a defesa e o meio-campo do adversário e aparecendo na área para concluir.

O encaixe parece perfeito dentro da proposta de jogo de Guardiola e seria um salto importante para equipe e atleta. "Só" falta um acerto que será complexo pelo contexto. O Tottenham vai endurecer, assim como fez em campo e saiu vitorioso. Mas na mesa de negociação o orçamento infinito dos árabes que controlam o City pode pesar e inverter a lógica. A ver.

(Estatísticas: WhoScored.com)