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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Rocha: Athletico e Fortaleza enfrentam tradição com coragem e bom futebol

Colunista do UOL Esporte

26/08/2021 09h50

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Se Flamengo e Atlético-MG se destacaram como favoritos nos confrontos com Grêmio e Fluminense pelos momentos dos times e a clara vantagem no poder de investimento, os duelos Athletico x Santos e São Paulo x Fortaleza eram de difícil prognóstico, desde o sorteio das quartas da Copa do Brasil.

Por méritos dos times paranaense e do Ceará, porque seria até natural apontar os clubes de maior tradição, camisas mais pesadas e do centro de futebol mais forte do país como os prováveis classificados. E efetivamente isso ainda pode acontecer, nos jogos de volta.

Mas as partidas de ida, na Arena da Baixada e no Morumbi, deixaram bem claro que não faltará coragem e também a proposta de jogar bem, independentemente do mando de campo, nos times comandados pelo português Antonio Oliveira e pelo argentino Juan Pablo Vojvoda.

Em Curitiba, um Athletico agressivo no início, novamente chegando com muitos jogadores no ataque e na zona de conclusão. Mais forte pela esquerda, com Abner e Jader, este a boa nova na escalação, com personalidade e inteligência, apesar dos 18 anos. O mesmo 4-2-3-1 com Terans se aproximando de Renato Kayzer e Nikão cortando da direita para dentro e buscando as finalizações com pé esquerdo.

Forte na bola parada, com jogada manjada, mas bem executada, de escanteio da esquerda com desvio na primeira trave e gol de Kayzer. Para depois recuar as linhas e atrair o Santos de Fernando Diniz, com Marcos Guilherme como meio-campista central para Carlos Sánchez ocupar o setor direito, abrindo o corredor para o apoio do lateral Madson.

O time rubro-negro compactava duas linhas, negava espaços ao jogo apoiado do adversário e acelerava as transições ofensivas. Com 38% de posse, finalizou 16 vezes, sete vezes dentro da área e cinco no alvo, além de uma na trave. Sempre pareceu mais próximo do segundo gol e até deixou uma impressão de que perdeu a chance de definir o confronto em casa.

Mas pode manter a proposta na Vila Belmiro e se garantir nas semifinais. Até porque o alvinegro praiano carrega os problemas crônicos das equipes de Diniz: posse sem velocidade na circulação da bola, baixa intensidade no perde-pressiona, espaços generosos às costas da defesa. Não é acaso a campanha irregular no Brasileiro, nem as eliminações nos torneios continentais.

Já o Athletico privilegia as copas, mesmo perdendo terreno no Brasileiro. Vai atrás do bi da Sul-Americana e abre vantagem no duelo que define o adversário do Flamengo no mata-mata nacional.

O Fortaleza de Vojvoda consegue ser mais regular nos pontos corridos, até por não estar mais envolvido em competições internacionais. No Morumbi, mostrou novamente que não abre mão de seus princípios, independentemente de adversário, estádio e campeonato.

Sem Benevenuto, adaptou Matheus Jussa como terceiro zagueiro pela esquerda. Com Tinga pela direita, o time cearense quase nunca se defende com cinco na última linha, apesar do 3-4-1-2. De acordo com o lado atacado, os alas Yago Pikachu e Lucas Crispim alternam como laterais ou meias numa segunda linha.

A ideia é sempre pressionar no campo de ataque. Roubar a bola e acelerar com David pela esquerda. Mas também com muita gente chegando ao ataque. Desta vez tendo Wellington Paulista na referência, mas Matheus Vargas e Ederson vindo de trás para preencher a área adversária.

O São Paulo respondeu com a qualidade técnica que apresenta quando Hernán Crespo conta com Daniel Alves, Benítez e Rigoni em campo. Mas perde intensidade na marcação por encaixe com perseguições individuais. Abriu 2 a 0 com Rigoni em rápidas transições, mas a falha de Volpi no gol de Pikachu desequilibrou de vez o jogo mental que já era favorável ao Fortaleza.

Romarinho entrou na vaga de Matheus Vargas e apareceu na área para empatar. Os 2 a 2 refletem melhor o equilíbrio do jogo. O São Paulo teve 52% de posse, mas os visitantes finalizaram 14 vezes, seis no alvo. Também obrigaram o time da casa a efetuar 16 desarmes, a maioria no próprio campo. Já dos sete do Fortaleza, quatro foram no campo de ataque.

É claro que os confrontos estão abertos e, até meados de setembro muita coisa pode mudar. Mas os "intrusos" mostraram que têm conteúdo de jogo e convicção em suas ideias para encarar de frente dois gigantes multicampeões do futebol brasileiro.

(Estatísticas: SofaScore)