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André Rocha

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Rocha: Cuca faz Galo versátil e resgata lema de 2016: todo jogo é uma final

Hulk comemora gol do Atlético-MG contra o Fluminense na Copa do Brasil - NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Hulk comemora gol do Atlético-MG contra o Fluminense na Copa do Brasil Imagem: NAYRA HALM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

27/08/2021 08h07

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Cuca deu uma explicação simples e até óbvia sobre a estratégia utilizada na vitória sobre o Fluminense por 2 a 1 no Estádio Nílton Santos, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil:

- Nós praticamente repetimos a mesma equipe de segunda-feira, e o adversário também. Então, é lógico que se você vier para fazer as mesmas coisas que nós fizemos na segunda, e muitas delas o adversário nos neutralizou, ele iria nos neutralizar de volta.

Até porque o contexto era outro. No Brasileiro, a chance de alcançar a décima vitória consecutiva e quebrar o recorde do Internacional nos pontos corridos em São Januário e disparar na liderança. Desta vez era confronto direto, eliminatório, sem gol "qualificado". Natural se fechar como visitante.

E o Atlético recolheu as linhas em seu campo, mesmo com formação ofensiva. Savarino e Vargas voltavam pelos lados, formando com Allan e Zaracho a segunda linha de quatro que protegia a defesa e acelerava para acionar Nacho e Hulk. Com a posse, tentava surpreender com Guga atacando por dentro, deixando Savarino contra Egídio.

Do lado oposto, a mobilidade de Nacho fazia Vargas entrar em diagonal da esquerda para dentro e se juntar a Hulk. Mas a força estava nas rápidas transições ofensivas.

Estratégia que, de fato, surpreendeu o Flu de Marcão, que se preparou para novamente fechar espaços por dentro com André, Martinelli e Yago Felipe e ser rápido pelos lados, com Luiz Henrique e Lucca alternando pelos flancos e o apoio dos laterais Samuel Xavier e Egídio. Sempre em busca de Fred, solitário na área atleticana contra Igor Rabello e Junior Alonso.

O cenário foi inusitado, com o time menos qualificado ocupando mais o campo de ataque, trabalhando a bola (terminou com 53% de posse) e, de certa forma, acreditando que seria possível vencer em seus domínios. Até porque era necessário, pelo contexto. E cedeu os espaços que o favorito não teve três dias antes e precisou lutar para empatar por 1 a 1, com gol de Eduardo Sasha em "abafa" no final.

Com espaços, Nacho e Hulk marcaram os gols e fizeram estragos na retaguarda tricolor, mesmo com o esforço de Nino e Luccas Claro para conter. Mas era muito campo para cobrir e toda retaguarda vai sofrer contra tanta qualidade para o nível do futebol jogado no país. O time mineiro poderia, inclusive, ter encaminhado a classificação. Teve chances claras, mesmo com apenas nove finalizações. As duas no alvo, porém, venceram o goleiro Marcos Felipe.

O Flu até empatou com o gol de pênalti de Fred, que já está ficando habitual - de fato aconteceu, na falta de Arana sobre Nino. Com 36 gols, o camisa nove tricolor se iguala a Romário como maior artilheiro do torneio. Ainda teve a chance de se isolar no topo, com cabeçada no travessão. Agora é tentar na volta no Mineirão, ainda que a missão da equipe carioca hoje pareça quase impossível.

Porque o Galo não baixa a guarda e segue forte nas três frentes. Cuca vê a grande chance de fazer história com elenco tão forte e homogêneo. Ou nem tão equilibrado, já que destaques como Arana, Zaracho, Nacho e Hulk vêm mostrando que não têm substitutos no mesmo nível e o treinador insiste com eles em praticamente todas as partidas. Sem priorizar nenhuma competição.

Será que aguentam fisicamente? Assim como aconteceu com Flamengo em 2019 e Palmeiras no ano passado, a "fome" de conquistas pode ajudar o mental a suportar a dura sequência de jogos, que terá uma parada fundamental na data FIFA. É a chance de recuperar e treinar, a menos que haja uma debandada geral com novas convocações por conta dos problemas da CBF para liberar jogadores atuando na Europa.

Seja como for, Cuca aposta em versatilidade no modelo de jogo e evolução natural com o entrosamento crescente entre a base titular. O olhar lembra o de 2016 no Palmeiras, obsessivo por vitórias, dando espetáculo ou não. O lema para acabar com jejum de 24 anos sem título brasileiro do Alviverde era simples e direto: todo jogo é uma final. Assim o Galo vai se impondo, nas copas e nos pontos corridos.

(Estatísticas: SofaScore)