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André Rocha: Aceitemos ou não, o maior dos Ronaldos é Cristiano
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Um gol de cabeça aos 44 minutos do segundo tempo, outro aos 51. Virada de Portugal em casa sobre a Irlanda pelas Eliminatórias da Europa. Um jogo banal que se tornou histórico porque Cristiano Ronaldo agora é o maior artilheiro de seleções na história, com 111 gols.
Mais uma das muitas provas da força mental do atacante português, que perdeu um pênalti aos dez minutos e conseguiu manter o foco e a concentração para decidir nos últimos minutos.
Goleador máximo do maior time do mundo, o Real Madrid. Artilheiro da história da maior competição de clubes do planeta, a Liga dos Campeões da Europa. Também da Eurocopa e, obviamente, da própria seleção de seu país. Ainda cinco prêmios de melhor jogador do mundo.
Cristiano Ronaldo é o maior jogador europeu de todos os tempos. E a carreira é bem mais vitoriosa e repleta de recordes do que as dos outros dois Ronaldos famosos no futebol: o Fenômeno e o Gaúcho.
Por mais que isso soe como blasfêmia no Brasil, é difícil ter argumentos além do título mundial em 2002 e um dos preferidos do torcedor no país: "Enquanto quis (ou pôde) jogou demais".
Uma frase que coloca o jogador talentoso, porém sem foco para atuar em altíssimo nível por muito tempo, em um pedestal. Porque há a certeza de que Cristiano Ronaldo entregou e ainda entrega tudo que pode. Estamos vendo e medindo. Já o que os Ronaldos brasileiros poderiam fazer fica sempre na hipótese e aí vai da imaginação de cada um.
É claro que se fizermos uma coletânea dos momentos mais espetaculares dos três teremos mais lances geniais dos brasileiros. E isso também passa pela nossa cultura, de valorizar os mais inventivos, talentosos e arrebatadores. Amamos os espasmos e não damos muita bola para a regularidade. Vale mais o momento mágico que gruda na memória, ainda que esporádico.
Cristiano começou a carreira acreditando nessa magia, mas aos poucos foi ficando mais objetivo e constante. Até o minimalismo atual, resolvendo com o mínimo de toques na bola. Mas sem diminuir um milímetro no cuidado com a preparação. A forma física aos 36 anos ainda impressiona. A ambição não tem limites. Tanto que toma a contramão de atletas na sua faixa etária e, ao invés de sair da Itália para um mercado alternativo e bilionário, volta à Premier League.
O Fenômeno surgiu aos 17 e definhou a partir dos 30, depois da Copa de 2006. Também pelos problemas físicos, especialmente nos joelhos. O Gaúcho foi campeão mundial sub-17 em 1997 e cansou aos 26, no mesmo Mundial na Alemanha. O último espasmo aos 33, na Libertadores do Atlético-MG.
O português segue firme. A cada treino, a cada partida. Não tem um lampejo que encanta, mas conquista pela consistência. E empilha marcas, a ponto de já estar eternizado como o grande rival de Lionel Messi, um dos maiores da história. Talento argentino que, até pela proximidade geográfica e de estilos, aceitamos melhor no topo.
Mas gostemos ou não, aceitemos ou torçamos o nariz, Cristiano é o maior dos Ronaldos. E a história ainda não acabou.
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