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Rocha: Zaracho, o "Valdo" argentino que equilibra o Galo implacável
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A vitória por 2 a 0 sobre o Fortaleza no Castelão, na abertura do Brasileiro, dá, em contraste com a derrota para o time cearense de virada na estreia da competição em casa, a ideia da evolução do Atlético Mineiro na temporada.
Time consciente da dificuldade do jogo contra a boa equipe de Juan Pablo Vojvoda, até então invicta em seus domínios na Série A. Mas procurando controlar um jogo intenso pela posse de bola, especialmente no primeiro tempo - terminou com 64%. Finalizou menos, apenas quatro vezes contra seis. Nenhuma no alvo.
Resolveu o jogo na segunda etapa, a partir do gol de Zaracho logo aos quatro minutos. Transição rápida, chegada com muitos jogadores na zona de decisão, até o passe de Hulk e o gol do meia argentino que transmitiu confiança, desmontou os planos de Vojvoda e encaminhou a vitória, completada com o gol de Junior Alonso, cabeceando a cobrança de escanteio pela direita de Nacho Fernández.
Menos posse, terminando com 51%, porém mais efetivo, finalizando sete vezes, quatro na direção da meta de Felipe Alves. Vitória segura de um time sólido e competitivo em todas as partidas. Desta vez compensando duas semanas sem sete jogadores a serviço de suas seleções na data FIFA. Cinco estiveram em campo no Castelão: Everson, Junior Alonso, Guilherme Arana, Vargas e Hulk. Meio time.
O grande destaque, porém, não foi convocado por Lionel Scaloni. O argentino Matías Zaracho novamente voou em campo. Tanto como o meia pela direita no 4-2-3-1 de Cuca, dando a liga entre os volantes Allan e Jair e o tridente Nacho-Vargas-Hulk, quanto como o meio-campista central quando Réver entrou e o Galo ficou com três zagueiros e os laterais viraram alas.
Desempenho que ganhou elogios do treinador atleticano na coletiva pós-jogo, incluindo uma lembrança dos tempos de jogador para ilustrar a importância de seu comandado:
- O Zaracho é um jogador tático importante, daquele tipo que encorpa o time, faz o quarto homem. Eu lembro do meio-campo que eu joguei: Bonamigo, Cristóvão e Cuca, Valdo, Lima e Jorge Veras. O que fazia o nosso time pegar corpo era o Valdo, que era o quarto homem que vinha do meio, da ponta pro meio, que encorpava o time.
Sem comparar épocas, até pela distância de 2021 para 1988, ano em que o Grêmio foi semifinalista do Brasileiro e venceria a Copa do Brasil na temporada seguinte, Zaracho é mais intenso e finalizador do que foi Valdo, um "motorzinho" que jogou até os 40 anos, encerrando a carreira no Botafogo.
Foi a duas Copas do Mundo, a segunda, em 1990, como titular. Vivendo o auge da carreira aos 26 anos, vice-campeão da Liga dos Campeões 1989/90 com o Benfica, só parando no Milan de Rijkaard, Gullit e Van Basten na final. Jogador técnico, móvel e inteligente. Muito dinâmico para a época. Aos 34 anos, também se destacou na campanha do Cruzeiro vice-campeão brasileiro de 1998. Em 2001, atuou no próprio Atlético-MG, também com destaque na equipe que chegou à semifinal do Brasileiro.
De fato, era considerado um jogador "tático", que significava, na prática, que não era quem decidia os jogos. Zaracho não tem a visibilidade de Nacho, Hulk e, agora, Diego Costa, que ainda busca ritmo e encaixe no time. Mas vem resolvendo, como nos dois gols marcados sobre o River Plate no Mineirão pela Libertadores.
Três no torneio continental, o mesmo número no Brasileiro e um na Copa do Brasil. Boas estatísticas defensivas e ofensivas. Regularidade e participação ativa nos jogos. Aos 23 anos, confirma a boa impressão de quando surgiu no Racing e tem muito lastro de evolução.
É peça chave que equilibra um time implacável até aqui: abre sete pontos de vantagem na liderança do Brasileiro, com invencibilidade de 12 partidas. Também é favorito absoluto para confirmar vaga na semifinal da Copa do Brasil, no Mineirão contra o Fluminense, e parece mais consistente que o Palmeiras para a semifinal brasileira da Libertadores.
No ritmo vertiginoso de Zaracho, o "Valdo" argentino de Cuca.
(Estatísticas: SofaScore)
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