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Rocha: Erro do Flamengo no Brasileiro não é time misto, mas a mentalidade
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Entre Flamengo, Palmeiras e Atlético Mineiro, o time de Renato Gaúcho foi disparado o que mais poupou titulares para a rodada do Brasileiro antes da decisão das semifinais da Libertadores.
Como a equipe rubro-negra tem titulares mais definidos foi possível mapear melhor as ausências. Foram oito: Diego Alves, Isla, David Luiz, Everton Ribeiro e Gabigol, todos poupados. Sequer viajaram para Belo Horizonte enfrentar o América. Rodrigo Caio estava suspenso; Filipe Luís e De Arrascaeta se preparando para voltar na quarta, contra o Barcelona em Guayaquil.
Sim, era o time com a partida mais acessível, já que o Galo encarou o São Paulo no Morumbi e o Palmeiras disputou o dérbi com o Corinthians em Itaquera. Isso precisa ser pesado.
E considerando que o Flamengo disputa apenas sua segunda semifinal do torneio continental na fórmula atual, com mata-mata desde as oitavas, é um jogo histórico para o clube e requer mesmo cuidados especiais. Ainda mais em um time titular com média de idade acima dos 30 anos.
A questão é que há atos simbólicos que, sem palavras, transmitem ao grupo que a partida que antecede a decisão é muito menos importante na temporada. Que a chance de um tricampeonato brasileiro inédito para o clube não é prioridade para o treinador.
Como, por exemplo, os atletas poupados sequer viajarem com o grupo. Sentarem no banco para uma eventual necessidade. Arrascaeta pediu para ao menos participar de alguns minutos, mas foi negado.
Em um jogo às 11h, que já altera logística e desgasta por conta da temperatura mais alta, qual é a mobilização possível para os jogadores? Os reservas percebem que a disputa é um engodo, 90 minutos para serem cumpridos por obrigação.
Foi esta a impressão durante boa parte dos 90 minutos no Independência. Com a única diferença na postura anímica natural dos jogadores. Como o abismo entre Vitinho e Michael em relação à entrega. O primeiro, displicente, contribuiu pouco e atrasou alguns contragolpes. O segundo lutou o tempo todo e, driblando da direita para a esquerda, com auxílio de Pedro ao sequer tocar na bola, marcou um golaço que parecia o da vitória.
Mas havia um problema, que não foi sanado durante a partida. Renê jogou praticamente sozinho pela esquerda sem bola, encarando Ademir, Patric e Juninho, lado forte do 4-2-3-1 de Vagner Mancini. Porque Bruno Henrique não volta tanto para ser o escape de velocidade para as transições ofensivas. Como o meia do lado oposto - Vitinho, neste caso, pela ausência de Everton Ribeiro - é quem volta mais para recompor, cabe a um dos meio-campistas centrais, à frente de Willian Arão no 4-1-4-1, ajudar o lateral esquerdo na recomposição. Diego ou Thiago Maia.
Na pausa para hidratação no primeiro tempo, Renato foi direto na pergunta a Renê: "Você está com a perna boa?" A resposta: "Tô, mas eu estou sozinho lá!" O treinador cobrou atenção do camisa seis, mas não corrigiu o posicionamento da segunda linha.
Renê foi sacrificado o jogo todo. E Renato não substituiu. Preferiu descansar Arão e Bruno Henrique, dar minutos a Lázaro, Kenedy, Andreas Pereira...Rodinei entrou na vaga de Matheuzinho, lesionado. Mas Ramon seguiu no banco de reservas.
Nos acréscimos, depois do gol que parecia o do triunfo rubro-negro, o lateral-esquerdo perdeu uma disputa na intermediária, a bola foi invertida, o cruzamento da esquerda achou Alè livre. Porque Renê não teve forças para subir e cabecear. Falha do jogador? Claro. Mas o treinador viu um atleta que voltou recentemente de longo período de recuperação e que pegou Covid dentro deste processo sobrecarregado e nada fez para resolver o problema.
Pagou com o empate. Dois pontos perdidos que poderiam aproximar do líder Galo. A pergunta é se Renato se importou mesmo com o resultado. Assim como é difícil prever o que produziriam os titulares no mesmo contexto.
Porque o equívoco real do Fla no Brasileiro não é escalar time misto, ou as falhas individuais e coletivas. É a mentalidade, que parte de Renato Gaúcho e contamina a todos. Primeiro precariza, depois abandona a competição. E a direção engole, pelo sucesso nas copas. Será que vale a pena?
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