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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: O tamanho da vitória do Galo e de Cuca, para tudo não desmoronar

Cuca reuniu os jogadores no centro do campo após a vitória sobre o Inter; grupo agradeceu apoio da torcida - Agência I7/Mineirão
Cuca reuniu os jogadores no centro do campo após a vitória sobre o Inter; grupo agradeceu apoio da torcida Imagem: Agência I7/Mineirão

Colunista do UOL Esporte

03/10/2021 08h34

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Depois da doída eliminação na Libertadores, a primeira partida do Atlético Mineiro na volta ao Brasileiro ficou cercada de expectativas. Ou apenas uma: como o líder do Brasileiro reagiria emocionalmente ao duro revés?

Dúvida legítima, considerando o histórico do Galo. Um clube que tantas vezes pareceu mais forte que os concorrentes, porém na hora de confirmar as conquistas falhava, principalmente no aspecto mental. Mesmo quando todo o contexto era favorável.

O comportamento de Cuca também era uma incógnita. Um treinador que se diz religioso, um homem de fé. Mas que tantas vezes adotou um discurso fatalista ou se descontrolou emocionalmente em momentos importantes.

Volta ao mesmo Mineirão da terça, contra um Internacional que tem estilo semelhante ao do algoz Palmeiras. Mesmo um outro empate soaria como um novo sinal de fraqueza, de que mesmo se mantendo na ponta da tabela, a vaga de principal candidato ao título estaria aberta.

Era uma vitória para não deixar tudo desmoronar. De novo.

E o Galo sofreu, com suas próprias dificuldades. De um time titular que dá sinais de desgaste físico e mental pela luta em três frentes. Com Eduardo Sasha fazendo companhia a Hulk na frente, dificuldades na criação e nas infiltrações para finalizar. Que perdeu amplitude e profundidade com a lesão de Mariano e a entrada de Guga, lateral que funciona melhor apoiando por dentro.

Méritos também do Internacional, que se fechava em duas linhas de quatro, com boa concentração defensiva e contragolpes bem coordenados. Yuri Alberto procurando os flancos para receber de Taison ou Edenilson e entrar em diagonal. Dava trabalho para Nathan Silva, Junior Alonso e Everson.

No segundo tempo, Cuca usou a tensão e a inquietação a seu favor. Enquanto Diego Aguirre seguia inerte e não fazia substituições sequer para reoxigenar sua equipe, o técnico atleticano abriu o campo com Savarino e Keno, mesmo perdendo o poder de articulação de Nacho Fernández. Com Dylan Borrero na vaga de Zaracho, mais presença na área adversária.

Faltava a jogada desequilibrante, que veio, para variar, com Hulk, passando por Rodrigo Dourado. E a finalização precisa, de Keno, que havia desperdiçado grande chance. Para consolidar um Atlético dominante no segundo tempo. Controle que se refletiu nas estatísticas: 56% de posse, 10 finalizações contra seis.

Era fundamental vencer, para não entrar na descendente. Para chegar a 15 partidas de invencibilidade, igualando a marca de 1997. No final, Cuca reuniu o grupo e confraternizou com a torcida. Marcando a rápida reconciliação para não deixar escapar a chance de ser campeão brasileiro, depois de 50 anos.

O Galo quer demais. E quando essa vontade se junta à qualidade faz muita diferença nos pontos corridos. Quando uma noite ruim não é fatal, quando um simples gol "qualificado" não se transforma em frustração sem tamanho.

Atlético e Cuca retomam o ciclo virtuoso. A vitória é daquelas que serão lembradas, em caso de conquista. Foi gigante, pelas circunstâncias.

(Estatísticas: SofaScore)