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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: "Estratégia" de Abel é projeto pessoal e não respeita o Palmeiras.

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, no duelo com o Red Bull Bragantino, pelo Brasileiro - Cesar Greco / Palmeiras
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, no duelo com o Red Bull Bragantino, pelo Brasileiro Imagem: Cesar Greco / Palmeiras

Colunista do UOL Esporte

10/10/2021 08h39

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Está claro em entrevistas do treinador e no comportamento da equipe nas partidas que a ideia de Abel Ferreira é que o Palmeiras entre mais descansado e, ao mesmo tempo, com imagem de "zebra" na final da Libertadores.

É óbvio que o treinador português não manda seu time entrar em campo para perder, mas reduz a mobilização a cada partida do Brasileiro e aumenta as críticas, veladas ou diretas, aos jogadores nas coletivas. Inclusive colocando seus meias e atacantes abaixo do bom Ademir, do América.

O foco absoluto é a partida do dia 27 de novembro, em Montevideu, contra o Flamengo. Uma aposta que pode colocar a temporada em risco. Inclusive uma vaga na fase de grupos da Libertadores. Mesmo com as nove disponíveis, no total, para o Brasil na próxima edição.

Ou pior. Na tabela, o Palmeiras tem apenas seis pontos à frente de Athletico, Fluminense e Internacional, que fecham o "G-9". Sendo que os dois últimos só têm a competição por pontos corridos no horizonte. São muitos jogos pelo Brasileiro até o final do mês que vem.

São sete derrotas nos últimos dez jogos. Sete pontos nos últimos trinta disputados. Campanha de lanterna, no recorte. Um acinte para o atual campeão sul-americano e da Copa do Brasil.

O que quer Abel? Para garantir o grupo concentrado é preciso que o time chegue à decisão continental sem saída? Ganhar ou ter que encarar no ano que vem uma etapa preliminar, antes da fase de grupos, ou nem isso? Só assim para sua equipe deixar tudo em campo?

Se for essa a "estratégia", é um enorme desrespeito à história vencedora do Palmeiras. Também ao investimento que o clube faz no futebol, das divisões de base à formação de um dos elencos mais fortes do país.

Na derrota em casa por 4 a 2 para o bom time do Red Bull Bragantino, a equipe, liderada por Dudu, até buscou a reação no segundo tempo, depois de levar 3 a 0. Mas nem as ausências importantes de Weverton e Gustavo Gómez justificam tamanha falta de intensidade e concentração sem bola no primeiro tempo.

A proposta é que o Palmeiras chegue minúsculo no Estádio Nacional para se agigantar na decisão? Uma mobilização Davi x Golias radical? Para, se vencer, Abel de novo virar-se para as câmeras com olhar de ódio, como quem diz "eu venci"?

Se sim, e é o que parece, isso é projeto pessoal. Desrespeita um clube vencedor e uma torcida apaixonada. Que vibrou com títulos ainda em 2021, embora valendo pela temporada passada. Mas que já foi muito machucada no Mundial, na Supercopa do Brasil, na Recopa Sul-Americana, no Paulista, na Copa do Brasil e agora no Brasileiro.

Caso seja derrotado pelo Flamengo, maior rival nacional dos últimos anos e com retrospecto mais que positivo nos últimos confrontos diretos, o que sobrará? Para Abel, talvez o passaporte de volta para a Europa, com conquistas no currículo. Ao Palmeiras restará a dor e a humilhação. E terra arrasada para reconstruir em 2022.

Vale a pena apostar tão alto?