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Rocha: Retrato final é bom para o Flamengo, mas também agrada ao Palmeiras
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Ter Rodrigo Caio e De Arrascaeta em campo sem nenhum problema físico foi mais importante para o Flamengo do que a vitória por 2 a 1 sobre o Internacional no Beira-Rio. Inegável que o resultado se junta aos outros três triunfos e cria um ambiente de mais confiança para a final da Libertadores, daqui a uma semana.
Mas desde a classificação para a decisão a maior preocupação era o risco de desfalques contra o Palmeiras em Montevidéu. Treinando no Ninho do Urubu e jogando no Maracanã em gramados ruins, com problemas no departamento médico, de preparação física e de fisiologia, somente um milagre garantiria todos disponíveis e em boas condições para o jogo mais importante de 2021.
Parece que está acontecendo. Em Porto Alegre, nove prováveis titulares começaram jogando. Bruno Henrique, com tendinite no joelho esquerdo, foi poupado, mas não preocupa. Arrascaeta, recuperado da lesão muscular que o tirou dos campos desde 7 de outubro, entrou no segundo tempo e nada sentiu.
Contra o Grêmio, na terça, o Flamengo usará suplentes e, provavelmente, reservará alguns minutos para que o meia uruguaio recupere um pouco mais de ritmo de jogo. Talvez Pedro, em fase final de recuperação de uma atroscopia no joelho direito, também tenha a chance de estar em campo, cumprindo a meta do departamento de futebol: todos com minutos jogados. Uns mais, outros menos.
Se tudo funcionar perfeitamente, o Flamengo começará a final no Uruguai com seu "dream team". No papel, disparado o melhor da América do Sul: Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão e Andreas Pereira; Everton Ribeiro, De Arrascaeta e Bruno Henrique; Gabigol.
Favoritismo? Pode ser, até pelo retrospecto favorável nos confrontos recentes com o time paulista. De fato, há uma nítida vantagem técnica. Mas se este retrato final, de time completo e confiante, é o ideal para Renato Gaúcho, com certeza também agrada, e muito, ao treinador palmeirense.
Abel Ferreira devia estar perdendo noites de sono ao ver sua equipe ganhando status de favorita. Não que a sequência de seis vitórias tenha sido negativa. Serviu para testes, observações e também somar pontos para garantir vaga no G-6 do Brasileiro, caso o tão falado plano do português não funcione em Montevidéu.
Mas Abel já mostrou que se sente mais confortável na adversidade. Como a "zebra" que pode usar o discurso "contra tudo e contra todos" e jogar fechado sem culpa ou vergonha. Ou atacar por opção, para surpreender. Como na Supercopa do Brasil em Brasília, no início da temporada.
A obrigação de propor o jogo com o Palmeiras forte e o Flamengo em frangalhos daria aos rubro-negros a arma do contragolpe, perigoso até nos momentos mais complicados do time de Renato Gaúcho. Abel quer para si este recurso na maior parte do jogo.
Na final, pode até apelar para uma formação com três zagueiros, utilizada em partidas importantes, mas não nesta sequência recente de vitórias. Com Felipe Melo recuando para jogar com Luan e Gustavo Gómez, ou Renan entrando pela esquerda e liberando Piquerez como ala. Mas defendendo em linha de cinco atrás, com Mayke, provavelmente, à direita.
Na frente, o trio Raphael Veiga-Dudu-Rony para acelerar as transições ofensivas com campo livre. Sacrificando Gustavo Scarpa, uma arma para a segunda etapa, caso seja necessária a articulação no meio-campo e não mais velocidade pelos flancos, com Wesley ou o "amuleto" Breno Lopes.
Contar com os titulares é primordial para Renato, mas também agrada Abel Ferreira. Porque certamente a preparação, desde o início, foi debruçada sobre o time ideal do Flamengo. É claro que a boa fase de Michael entrou forte no radar - e ele pode até começar a final, caso Arrascaeta não esteja bem para jogar mais que 45 minutos e fique no banco. Mas o estudo obsessivo prefere que não haja surpresas.
Ver o Flamengo da "briga de rua", da trocação franca no Beira-Rio, fazendo um primeiro tempo maluco ao abrir 2 a 0 com Gabigol e Andreas Pereira, perder chances seguidas e quase levar o empate antes do intervalo, com David Luiz salvando Diego Alves em cima da linha, deve ter animado o português. É claro que vai sofrer atrás e há o risco de ser goleado, se tudo der muito errado.
Mas o plano de fechar espaços com concentração absoluta e aproveitar as fragilidades defensivas do rival se apresenta como promissor. E agora nem precisará responder questionamentos sobre uma estratégia "covarde". Com as três derrotas consecutivas e, provavelmente, a quarta com reservas contra o virtual campeão Atlético Mineiro na terça, o Palmeiras já é o "patinho feio" da final, para alegria de Abel.
Cabe ao Flamengo tentar inverter essa lógica repetindo o que conseguiu contra São Paulo e Internacional: um ou até dois gols nos primeiros minutos. Para ganhar ainda mais confiança, abalar de vez o outro lado e ganhar espaços para acionar Gabigol, Bruno Henrique e, em algum momento do jogo, Michael. Para isso a pressão sufocante no campo adversário será fundamental.
Mas será que Renato vai arriscar tanto assim em final com tanto em jogo, principalmente um inédito tricampeonato? A tendência é termos mais do mesmo em partida única: jogo amarrado, até violento, com muitas reclamações contra arbitragem e ninguém arriscando nada. É muita tensão, até pela enorme expectativa criada para o duelo entre os maiores rivais interestaduais dos últimos anos.
Por isso, a rigor, não há como apontar favoritismo. O Flamengo forte é bom para Renato, mas também para Abel. Os 90, ou 120 minutos no Estádio Centenário entregarão a verdade e definirão os herois e vilões desta saga.
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