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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Fortaleza é a grande história e Vojvoda o treinador do Brasileiro

Wellington Paulista jogador do Fortaleza comemora seu gol durante partida contra o Bahia no estádio Arena Castelão pelo Campeonato Brasileiro A 2021. 09/12/2021 - Kely Pereira/Kely Pereira/AGIF
Wellington Paulista jogador do Fortaleza comemora seu gol durante partida contra o Bahia no estádio Arena Castelão pelo Campeonato Brasileiro A 2021. 09/12/2021 Imagem: Kely Pereira/Kely Pereira/AGIF

Colunista do UOL Esporte

10/12/2021 08h34

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O pênalti que definiu os 2 a 1 do Fortaleza sobre o Bahia no Castelão é absurdo. O zagueiro Conti está com braço colado ao corpo, não amplia a área de ação. Mas não foi a cobrança perfeita de Yago Pikachu que decretou o rebaixamento do adversário, que precisava da vitória na última rodada para se salvar.

Por outro lado, acabou fazendo justiça ao Fortaleza, que termina no G-4 e é a grande história do Brasileiro 2021. Com o argentino Juan Pablo Vojvoda como o melhor treinador do campeonato.

Campanha que já começou histórica, com a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético Mineiro. Única derrota do campeão no Mineirão. Trabalho que potencializou várias peças de um elenco com atletas que poderiam ser considerados "refugos", inclusive vindos de times rebaixados no ano anterior. Nível técnico para lutar por permanência na Série A, brigou o tempo todo no G-6.

Aliás, o grande mérito do clube cearense foi não transformar Vojvoda em vítima do próprio sucesso, colocando a expectativa acima da realidade. Não balançou nem na sequência de seis jogos sem vitória em setembro, ou na eliminação com duas derrotas para o Galo na semifinal Copa do Brasil, depois de despachar o São Paulo nas quartas.

Pés cravados no chão e alegria por entregar resultados, desempenho e até entretenimento ao torcedor e também ao fã de futebol. Quase sempre o Fortaleza foi um time legal de ver jogar, com sua proposta ofensiva e corajosa. Que rendeu um surpreendente saldo negativo, mesmo com campanha tão boa: marcou 44 gols, sofreu 45. Os 50% de aproveitamento também estavam dentro dos planos. Foi o risco assumido por tentar fazer diferente.

O grande feito foi vencer as duas contra os titulares do Palmeiras de Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores. Quase sempre no 3-4-3, ou 3-4-1-2, com Yago Pikachu e David atacando pelos flancos, Lucas Crispim como o ala articulador pela esquerda e Ederson entregando vigor físico no trabalho entre as intermediárias.

Robson foi o artilheiro da equipe, com 10 gols. Um a mais que Pikachu, o grande destaque individual da campanha histórica.

Agora é manter Vojvoda e evoluir o trabalho. Qualificando o elenco para a Libertadores que terá noites mágicas no Castelão, mas precisa de um nível competitivo acima do atual. Sem perder o ímpeto ofensivo, obviamente.

É o quarto nordestino a disputar a Libertadores. O primeiro pelo Brasileiro por pontos corridos, só abaixo dos três mais poderosos do país. Uma conquista gigantesca para um clube que, ainda neste século, passou oito anos na Série C, deu o primeiro salto com Rogério Ceni, personagem importante na estruturação do departamento de futebol, e agora vive o auge.

Sonhando alto, mas com planejamento. Um exemplo para quem se acha gigante, mas em campo não ultrapassa a mediocridade. O Fortaleza muda de patamar e pode vislumbrar um 2022 ainda mais sólido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL