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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Neymar na ponta ou pelo meio na Copa do Mundo? PSG "atrapalha" Tite

Neymar em atuação pela seleção brasileira - Buda Mendes/Getty Images
Neymar em atuação pela seleção brasileira Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Colunista do UOL Esporte

05/02/2022 08h45

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Neymar está em processo final de recuperação de mais uma lesão na carreira. Como está sem jogar, vira assunto apenas fora de campo. Série na Netflix, hoje, dia 5, faz trinta anos...

Mas há uma Copa do Mundo para disputar em novembro e nela está uma das últimas, ou a última chance do brasileiro entrar no seleto grupo de grandes craques campeões mundiais com a camisa verde e amarela. Ainda que o universo de seleções tenha perdido muito de sua relevância, ainda ostenta um bom peso na avaliação da carreira de um jogador no Brasil.

A grande dúvida é se Tite pretende utilizar o seu camisa dez aberto pela esquerda ou pelo meio, como armador num 4-2-3-1 ou até de "falso nove". É curioso observar que as circunstâncias não têm ajudado o trabalho de Tite no posicionamento de sua grande estrela.

No começo do trabalho do treinador na CBF, Neymar era ponta no Barcelona e também na seleção. Foi o melhor período, de setembro de 2016 a maio de 2017. Então veio a transferência para o PSG e a mudança de posicionamento: virou um articulador por dentro. Mesmo quando atuava na ponta, cortava para o meio e acionava Mbappé e Cavani.

Levou o hábito para a seleção e deixou um pouco de lado sua característica de atacante que deu a liga perfeita com Messi e Suárez na Catalunha. No Barça era ele também o ponta que voltava para fechar a segunda linha de quatro. Em Paris passou a ser a estrela, o cérebro, o "Messi" e passou a jogar livre.

Tite foi adaptando sua equipe a esse novo contexto, trazendo Neymar mais para dentro. Na prática, com liberdade total. Circulando por todo campo, "chamando" e, muitas vezes, prendendo demais a bola e tornando a seleção mais previsível.

Mas ficou e hoje é mais fácil pensar na seleção com o camisa dez solto no ataque. Ainda mais com as ótimas opções pelas pontas, como Raphinha, Vinicius Júnior, Antony e Rodrygo. Talvez a função de "falso nove" seja mesmo a mais indicada, com um possível meio-campo formado por Casemiro, Fred e Paquetá.

Só que, quando retornar ao PSG, provavelmente contra o Real Madrid pelas oitavas da Liga dos Campeões, Neymar deve voltar para a ponta esquerda. Porque Messi e Mbappé, quando estão juntos em campo, têm demonstrado bom entendimento e a lógica é que o camisa dez cumpra função semelhante à dos tempos de Barcelona.

Ou seja, a mesma que contribuiu tanto para o ótimo desempenho em 2016/17. No entanto, o cenário agora é outro. E cinco anos se passaram, além das muitas lesões que prejudicaram a sequência da carreira do craque. Outro problema para Tite.

Neymar é uma grande incógnita. A série sobre sua vida escancara o maior obstáculo para o amadurecimento: a dependência emocional do pai. O Júnior não consegue sair da casca, mesmo com três décadas nas costas.

Mas um título mundial pode relativizar tudo. Foi assim com Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros. Fica a glória na memória seletiva, embora Neymar tenha angariado mais antipatia ao longo do tempo que os citados acima.

O que fará Tite? Certo mesmo é que o PSG tem "atrapalhado" o treinador da seleção. Vejamos o que acontece nos próximos nove meses.