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Rocha: Técnico do Al Ahly alimenta cultura da resposta no Palmeiras
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Ao vencer o favorito Monterrey com uma equipe praticamente reserva, o Al Ahly transferiu toda responsabilidade para o Palmeiras na semifinal do Mundial de Clubes.
Status de "zebra", muitos desfalques e levando um grande enigma para a escalação da equipe egípcia, que receberá cinco titulares da seleção que perdeu nos pênaltis a final da Copa Africana para Senegal. Tudo que não agrada Abel Ferreira.
Nada disso mudou, porém uma declaração do treinador sul-africano Pitso Mosimane depois da vitória nas quartas acrescentou um "molho" inesperado:
- Quantas vezes os africanos têm de provar? Qual o critério? Por que o Palmeiras joga a semifinal? Ano passado nós vencemos. Qual a diferença? Não é o momento dos africanos jogarem a semifinal?
Os colegas Danilo Lavieri e Júlio Gomes já escreveram muito bem sobre o assunto em suas colunas aqui no UOL. Ambos têm razão, sob seus pontos de vista. O recorte mais recente, com os sul-americanos chegando apenas a duas finais nas últimas cinco edições, de fato dá razão ao treinador do Al Ahly. Já uma análise histórica, incluindo o universo de seleções, garantiria ainda um "crédito" para o campeão da Libertadores.
Como a FIFA deve mudar o formato do torneio para uma edição a cada quatro anos e encher de times europeus, a discussão torna-se inócua.
Mas deu a Abel o alimento para a "cultura da resposta" que marcou as últimas conquistas palmeirenses. Na verdade, um clichê no futebol brasileiro.
Todo campeão está dando uma resposta a alguém que não acreditou. Um jornalista crítico, o jogador adversário que apostou na vitória do próprio time. O recurso é antigo, como os treinadores do passado que espalhavam recortes de jornal no vestiário com provocações de rivais.
No Palmeiras não é diferente. Na última conquista, o heroi Deyverson lembrou até da filha de Renato Gaúcho, que nada tinha a ver diretamente com a decisão contra o Flamengo. Abel assimilou essa cultura, até pela admiração confessa por José Mourinho, outro que adora criar um clima épico para disputas importantes.
Certamente utilizará o discurso de Mosimane para a mobilização "contra tudo e contra todos". Como se o adversário estivesse menosprezando o Palmeiras. Já há um clima de revanche pela derrota nos pênaltis na decisão do terceiro lugar da edição passada, o que colocou o time paulista com a desconfortável marca de pior campanha de um sul-americano na competição.
É a chance de virar do avesso o incômodo do favoritismo e colocar sangue nos olhos dos comandados. Agora há alguém para calar, ou responder. Vejamos o que acontece em Abu Dhabi na terça.
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