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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Chelsea sofre mais que o Palmeiras na semifinal e reduz favoritismo

Jogadores do Chelsea comemoram gol de Lukaku contra o Al Hilal - REUTERS/Suhaib Salem
Jogadores do Chelsea comemoram gol de Lukaku contra o Al Hilal Imagem: REUTERS/Suhaib Salem

Colunista do UOL Esporte

09/02/2022 15h42

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Thomas Tuchel ficou em Londres cumprindo quarentena depois de testar positivo para Covid. Foi substituído na beira do campo em Abu Dhabi pelo assistente técnico Zsolt Low, mas colocou em campo o que tinha de melhor para a semifinal do Mundial contra o Al Hilal.

Como sempre, a expectativa era de ampla superioridade do campeão europeu. O Chelsea, porém, surpreendeu negativamente. Até dominou o primeiro tempo, foi relativamente organizado na execução do habitual 3-4-2-1 e explorou bem os flancos. Especialmente pela direita, com Azpilicueta, que atacava o corredor quando o ponta Ziyech, canhoto, cortava para dentro. Ainda o apoio do zagueiro Christensen.

O time árabe sofria porque os jogadores abertos no 4-4-2, Marega à direita e, principalmente, Al-Dawsari pela esquerda, são essencialmente ofensivos e tinham que recuar demais para cobrir os espaços e permitir que a última linha do treinador português Leonardo Jardim fechasse mais o corredor central, o famoso "funil". Preocupação clara com a movimentação de Lukaku e Havertz.

Os Blues tiveram 62% de posse, 86% de efetividade nos passes e dez finalizações, porém apenas três no alvo. Nas redes só com Lukaku aproveitando erro grotesca de domínio do lateral esquerdo Al-Shahrani, que foi surpreendido pela falha no corte do zagueiro Al-Boleahi no cruzamento da esquerda de Havertz, entregando a bola para o camisa nove.

O gol único de uma vitória suada pela queda de produção na segunda etapa. Fisicamente bem abaixo, apesar de não ter vivido uma maratona de jogos nas últimas semanas. Talvez a oscilação técnica recente pese mais, como a fraquissima atuação de Kanté, que entrou no lugar de Jorginho e o time perdeu o meio-campo. Mason Mount também produziu menos que Ziyech à direita.

Baixa intensidade que quase foi punida, não fossem duas defesas importantes do goleiro Kepa. A melhor oportunidade com Marega, pela liberdade à frente do goleiro, e a intervenção mais espetacular do goleiro espanhol, reserva de Mendy, no chute de Kanno. O brasileiro Matheus Pereira deu trabalho e o Al Hilal novamente foi competitivo em um Mundial de Clubes.

Carillo e Michael entraram no final, mas o time de Jardim se desorganizou na pressa de atacar. Experiente, o Chelsea administrou com bola no ataque e sofreu poucos sustos nos últimos minutos. Os números finais refletem o equilíbrio: posse da equipe inglesa caiu para 53% e o total de finalizações ficou em 15 contra 12, cinco a três no alvo.

A diferença foi a eficiência de Lukaku que faltou a Marega. Pode ser o fator de desequilíbrio também no sábado contra o Palmeiras. Mas a impressão deixada nas semifinais é de que o campeão sul-americano sofreu menos e está mais inteiro. Reduzindo o favoritismo do Chelsea de absoluto, que foi o normal dos últimos anos, para ligeiro, por conta do contexto.

Tem jogo no sábado. E talvez o time de Abel Ferreira nem tenha que se entrincheirar tanto. Pode repetir a apoteose do Corinthians em 2012 e os Blues se firmarem como o grande fiasco europeu na história do Mundial da FIFA. Ficou mais possível.

(Estatísticas: SofaScore)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL