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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: City surra Sporting e técnico, fã de Mourinho, se rende a Guardiola

Jogadores do Manchester City comemoram gol marcado contra o Sporting na Champions League - Pedro Nunes/Reuters
Jogadores do Manchester City comemoram gol marcado contra o Sporting na Champions League Imagem: Pedro Nunes/Reuters

Colunista do UOL Esporte

16/02/2022 09h25

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Antes do jogo em Alvalade, o treinador do Sporting, Rúben Amorim, já havia medido a distância de sua equipe para o Manchester City:

"A minha grande referência sempre foi o Mourinho. O Guardiola neste momento é o melhor treinador do mundo. O City é tudo o que nós ainda não fomos. Aqui é a primária e aquilo é a universidade. É uma referência para todos os treinadores", afirmou o profissional de apenas 37 anos que já ostenta o título de campeão português.

Os 5 a 0 que definiram o confronto das oitavas já na ida foram uma aula do método Guardiola de atacar no futebol inglês. Stones improvisado como lateral-direito e João Cancelo à esquerda atacando por dentro, Mahrez e Sterling abrindo o campo, mas também infiltrando em diagonal. Pelo meio, Bernardo Silva, Kevin De Bruyne e Phil Foden articulando e buscando o jogo entrelinhas e também entre os defensores adversários.

Goleada construída com incrível naturalidade, apesar da atmosfera impressionante no estádio. Apoio dos "adeptos", mas com a certeza de que era impossível equilibrar o duelo: 64% de posse, 93% de efetividade nos passes, 15 finalizações a três, nove a um de dentro da área, seis a zero no alvo. O City cumpriu com perfeição a integração do jogo desejada por Guardiola: ataca se defendendo e se defende atacando. Um jogo coletivo que flui de maneira impressionante.

Dois de Bernardo Silva, o grande destaque individual não só pelos gols. Mais Mahrez, Foden e Sterling. Placar suficiente para Guardiola manejar melhor o calendário e rodar o elenco na volta com tranquilidade. O Sporting vai aprender mais um pouco em Manchester.

Depois da partida, o reconhecimento do óbvio, mas que precisa ser ressaltado:

"Não tem a ver só com a qualidade dos jogadores, não tem a ver só com o dinheiro que eles gastam; tem a ver com o treinador - a diferença entre os treinadores", explicou Amorim. Finalizando com "É muito simples".

E é. Mas, muitas vezes, o abismo é reduzido apenas ao dinheiro. Como se clubes abastados não fossem superados por rivais organizados, ainda mais em torneios de mata-mata.

Por isso as ligas medem melhor os trabalhos e são mais valorizadas pelos grandes treinadores. Ainda mais a Premier League. Não é acaso que Pep Guardiola tenha vencido três das cinco que disputou e caminhe para a quarta conquista em seis temporadas.

Não é só dinheiro, até porque não há no elenco do catalão uma grande estrela do futebol mundial, um "The Best" FIFA. Guardiola quis Messi, não se impressionou tanto com a chance de ter Cristiano Ronaldo. Gasta fortunas em contratações porque busca atletas ainda jovens, saudáveis e com muito lastro de evolução. São caros, é a lógica do mercado.

Por isso Jack Grealish, que custou 100 milhões de libras, pode jogar ou sentar no banco. Não há lugar cativo e a ideia é dosar os minutos e usar de acordo com o contexto e o adversário. Não foi preciso em Alvalade, até porque o camisa dez de 25 anos está lesionado.

Rúben Amorim viu sua equipe sofrer no campo e, mesmo tendo como referência o rival histórico de Guardiola, deu a dimensão exata de um dos melhores e maiores treinadores de todos os tempos.

(Estatísticas: SofaScore)