Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Rocha: Sousa precisa entender o que significa trocar BH por Diego no Fla
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Vanderlei Luxemburgo sempre que pode conta em entrevistas a história do dia em que substituiu Ronaldo e Zidane contra a Juventus - um na partida de ida, outro na de volta - pelas oitavas de final da Liga dos Campeões 2004/05.
No vestiário, depois da eliminação na prorrogação, o treinador foi conversar com o francês, que explicou de forma firme, porém educada, o erro que havia cometido: "Mister, você não trabalha no futebol europeu. Caso contrário, não teria tirado de campo eu e o Ronaldo porque saberia que os adversários têm medo de nós. Com essas mudanças, eles perderam o respeito que tinham".
Há substituições que podem até fazer algum sentido no aspecto tático ou mesmo técnico, mas o simbolismo delas é tão forte que manda recados claros para adversários e torcedores.
Depois de marcar o gol da virada do Flamengo contra o Atlético Mineiro pela Supercopa do Brasil em Cuiabá aos 18 minutos do segundo tempo, Bruno Henrique foi definhando fisicamente. Até desabar e só levantar para ser substituído, aos 26. Era sua primeira partida desde o início na temporada e o desgaste era mais que compreensível.
Na função de meia atacante no 3-4-2-1 que Paulo Sousa tenta aplicar na fase ofensiva do time rubro-negro, precisou voltar para ajudar sem bola e ainda ser a grande válvula de escape para as transições ofensivas em velocidade. Sem contar a presença de área, como no gol de empate em que cabeceou para defesa de Everson e Gabigol conferiu no rebote.
Sousa tinha Pedro, Marinho e Vitinho no banco de reservas. Havia feito apenas uma substituição: Everton Ribeiro, que luta para se adaptar à função de meia/ala pela esquerda, mas produziu pouco, por Lazaro, que deu a assistência para o gol do BH.
Preferiu Diego Ribas. Liderança positiva, o grande capitão, "dono" do vestiário. Jogador que atuou na Europa e tem inteligência tática para cumprir funções diferentes em campo. Na prática, porém, hoje produz muito pouco ofensivamente. E nem reforça tanto assim a marcação no meio-campo. Recebe, gira, dá um toque a mais e só então passa. Atrasa qualquer contragolpe.
Se a intenção era ficar um pouco mais com a bola e sair da pressão que o Galo já impunha, Diego contribuiu pouco. Até porque o gol de Hulk, que decretou o empate nos 90 minutos em 2 a 2, saiu três minutos depois da substituição. O "Turco" Mohamed também fez trocas: Savarino e Keno por Ademir e Vargas, que participaram diretamente da jogada do gol derradeiro da partida.
O campeão brasileiro e da Copa do Brasil foi para cima de vez ao notar a mensagem de Sousa, que pretendia segurar o resultado. Só com as entradas de Vitinho e Matheuzinho que a equipe carioca recuperou protagonismo e poderia ter resolvido no tempo normal se Lazaro tivesse sido mais rápido que Arana na definição de um cruzamento de Vitinho, aos 41 minutos.
Àquela altura o Fla já estava reconfigurado em um 4-2-3-1, com Diego centralizado e dois escapes pelos lados para se aproximarem de Gabigol. Uma ideia interessante, mas que poderia ter sido colocada em prática invertendo as substituições. Ou só colocado Vitinho e insistido com Arrascaeta, que estava mesmo cansado, mas mostrou na final da Libertadores contra o Palmeiras, vindo de longo tempo parado por lesão, que sabe dosar energias e ser importante.
Diego está na história do clube, em vitórias e derrotas desde 2016. Mas a mudança de patamar em 2019, por mais cruel e até mórbido que isso soe, começou quando o camisa dez sofreu grave lesão contra o Emelec pela Libertadores e o time de Jorge Jesus se acertou com Gerson no meio-campo.
Na final contra o River Plate em Lima, a entrada de Diego melhorou a equipe, sem dúvida. Mas lá o recado da substituição foi outro. E Bruno Henrique seguiu em campo para fazer a jogada decisiva do gol de empate. Depois se consagrar como o "Rei da América" e desequilibrar outras tantas vezes.
O camisa 27 não é Zidane, nem Ronaldo. Nem aguentava mais seguir em campo. O erro de Paulo Sousa foi a escolha do substituto. Pagou na derrota nos pênaltis que vai colocar mais pressão sobre seus ombros, mas o planejamento não deve mudar. O Flamengo não pode seguir com essa máquina de moer treinadores. Fica apenas a lição para o resto da temporada.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.