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Rocha: Dupla Gre-Nal paga caro por escolhas catastróficas de 2021
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Na terça, Grêmio eliminado pelo Mirassol. Dois dias depois, Internacional caindo para o Globo. Na primeira fase da Copa do Brasil.
Depois da selvageria de sábado que inviabilizou a realização do Gre-Nal no Beira-Rio, era difícil imaginar um papel mais vexatório para o futebol do Rio Grande do Sul. Mas aconteceu.
Pior para o Grêmio, que agora só terá o Gaúcho e a Série B para disputar em 2022. O Colorado ao menos não caiu no Brasileiro e tem uma Sul-Americana pela frente.
Não diminui, porém, a impressão de decadência, desta vez das duas forças antagônicas. Sem a tradicional "gangorra". Não há o de cima para puxar o outro pela rivalidade.
Muito por conta de escolhas catastróficas há quase exatamente um ano. Na virada insana da temporada 2020. Sem férias.
O Grêmio não refletiu, nem planejou. Apostou na continuidade de Renato Gaúcho. Um trabalho que começou em 2016 e alcançou o auge com a conquista da Libertadores no ano seguinte.
Mas fedeu a podre em 2019, nos 5 a 0 impostos pelo Flamengo na semifinal da Libertadores. Naquele momento, a insistência foi até compreensível: treinador ídolo máximo, atropelado por um clube com capacidade de investimento muito superior e vivendo momento mágico.
Já ser surrado pelo Santos nas quartas do torneio continental foi vexatório. Levar 4 a 1 na Vila de um time convivendo com turbulência política e grave crise financeira era o sinal de que a mudança de rota era essencial. O ciclo de Renato havia terminado ali, simbolicamente.
Insistiram. Contrataram quem o treinador pediu. E viu o trabalho implodir de vez na eliminação para o Independiente del Valle, antes mesmo da fase de grupos. Antes da estreia de Rafinha. Foi ali que o Grêmio perdeu o rumo, mesmo com a conquista do tetracampeonato estadual sob o comando de Tiago Nunes.
Felipão, Vagner Mancini, rebaixamento e agora Roger Machado. Caso Douglas Costa, elenco desequilibrado e com pilares envelhecidos, como Geromel e Diego Souza. Não adianta equilíbrio financeiro e boa gestão se no campo os erros se acumulam.
Já o Internacional paga por uma mudança de direção brusca e sem convicção. Miguel Ángel Ramírez era um projeto a longo prazo, com virada radical no estilo de jogo, dos profissionais até as divisões de base. Envolvia transformação gradativa do elenco em termos de características.
Do jogo mais físico e direto com Abel Braga, que quase encerrou um período de 41 anos sem título brasileiro, para o jogo de posição, com valorização da posse de bola e execução com mais técnica. A direção tinha que acreditar muito.
Começou em março, terminou em junho. Voltou Diego Aguirre, tentando retornar ao ponto inicial, ou ao trabalho de 2015, quando o treinador uruguaio foi campeão gaúcho e chegou à semifinal da Libertadores, eliminado pelo Tigres. Não funcionou e o grande "feito" foi vencer o clássico que praticamente decretou o rebaixamento do maior rival.
Agora a aposta em Alexander Medina, uruguaio que comandou o Talleres e, ao menos até aqui, não conseguiu implementar a ideia de um jogo vertical, baseado em ligações diretas para um pivô. A eliminação para o Globo, com falha inacreditável do goleiro Daniel no primeiro gol dos 2 a 0, pode significar mais uma mudança de rota de um clube que parece perdido.
Na próxima quarta, dia nove, os rivais se encontrarão para disputar o jogo adiado pela violência. Deve ser mais um clássico tenso, mas também melancólico. Grêmio e Inter parecem desnorteados e sem grandes perspectivas. Porque erraram feio há quase 12 meses e a virada certa de chave, na tentativa e erro, ainda não veio.
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