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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: 2019 é o padrão ou foi a exceção para as estrelas do Flamengo?

Gabi, jogador do Flamengo, durante partida contra o Vasco no estadio Engenhao pelo campeonato Carioca 2022 - Jorge Rodrigues/AGIF
Gabi, jogador do Flamengo, durante partida contra o Vasco no estadio Engenhao pelo campeonato Carioca 2022 Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

Colunista do UOL Esporte

07/03/2022 06h51

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A atuação do Flamengo contra o Vasco no Estádio Nílton Santos foi decepcionante. Mesmo reconhecendo a desimportância do Carioca nas pretensões do clube na temporada, ainda mais em uma reta final com as semifinais praticamente definidas, inclusive os confrontos.

Mas depois de tantas experiências e rodagem do elenco, a expectativa era de uma nítida evolução com uma semana para descanso, recuperação e treinamentos. A proposta ofensiva de triangulações, mobilidade na frente e definição rápida dos ataques tinha tudo para apresentar uma melhor execução.

Na prática, porém, o desempenho foi pífio, com momentos constrangedores de erros técnicos inadmissíveis para jogadores como David Luiz, Filipe Luís, Everton Ribeiro, De Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol.

E a missão mais complicada, que seria de abrir a retranca vascaína com um gol, foi cumprida cedo, com o gol de Filipe Luís. Mas o próprio lateral admitiu na entrevista da saída para o intervalo que o time caiu de produção depois da parada técnica e usou as justificativas de sempre: calor e gramado ruim.

Será que realmente é só isso? Em 2022, uma pergunta que soaria insana há um ano e meio começa a ganhar sentido pelo que se vê em campo do elenco rubro-negro.

2019 é o padrão de qualidade dessas estrelas, mesmo considerando que três anos se passaram e isso pesa, principalmente para os que têm mais de 30 anos? Ou será que foi uma exceção, fruto de uma conjuntura favorável - oito jogadores chegaram querendo mostrar serviço, o time não ganhava nada importante desde 2013 e a proposta de Jorge Jesus encaixou perfeitamente no que o grupo poderia entregar, com exigência máxima do comandante?

Porque desde a saída do treinador português a equipe vive de espasmos: foi a superação do surto de Covid combinando experientes e a base com Domènec Torrent, o "sprint" final no Brasileiro 2020 com Rogério Ceni e foco total na competição que restou e a arrancada inicial com Renato Gaúcho, fruto de uma melhora de ambiente com o técnico "boleirão".

Fora isso é um marasmo. Mesmo descontando os problemas pelo caminho, especialmente os desfalques importantes a cada data FIFA. Quando parece que o time está ganhando solidez vem a derrapagem.

É claro que Paulo Sousa tem responsabilidades, como escolhas que já se mostram improdutivas - por que Everton Ribeiro pela esquerda com Lázaro pedindo passagem? Sem contar as substituições empilhando atacantes no segundo tempo que desorganizaram de vez a equipe e lembraram os piores momentos de Renato Gaúcho no ano passado.

Ou a insistência com Andreas Pereira, que precisa ser preservado e tratar o emocional. Nova falha que terminou no gol vascaíno e saída de campo sob vaias e aparentemente reagindo mal à tentativa de conversa do treinador na saída do campo.

Mas só o treinador será criticado de novo? Ninguém vai lembrar, por exemplo, que Gabigol ficou em campo novamente por 90 minutos sem produzir nada de útil e sequer finalizou na direção da meta adversária? Que Arrascaeta decidiu no final, mas também teve oscilação forte no desempenho?

A blindagem em forma de voto de confiança por 2019 não pode ser eterna. São três anos de distância e contratos longos e milionários das principais estrelas que precisam entregar mais e com maior regularidade. Mesmo no fraco Carioquinha.

Para não conviver com vexames, como o de ser apenas o terceiro melhor time do Rio de Janeiro no momento, atrás dos reservas e dos titulares do Fluminense de Abel Braga.