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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Fluminense colhe em Assunção o vexame que plantou em sete dias

Sob olhar dos jogadores do Fluminense, Olimpia celebra classificação à fase de grupos da Libertadores - EFE/Nathalia Aguilar POOL
Sob olhar dos jogadores do Fluminense, Olimpia celebra classificação à fase de grupos da Libertadores Imagem: EFE/Nathalia Aguilar POOL

Colunista do UOL Esporte

17/03/2022 07h12

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O Fluminense começou a errar ainda no vestiário de São Januário depois de vencer o Olimpia por 3 a 1. O velho discurso "Libertadores é guerra", "será uma batalha" tinha eco em vozes importantes do elenco e na do treinador Abel Braga.

Um exagero, considerando que o time paraguaio, apesar da tradição, hoje tem sérias fragilidades. É a mesma base que levou duas surras do Flamengo nas quartas da última edição e eliminou o Internacional na fase anterior por um desses absurdos que só o futebol proporciona. Parecia claro que, caso o Flu se dispusesse a jogar no Defensores del Chaco não teria grandes problemas para garantir vaga na fase de grupos da Libertadores.

Ainda assim havia otimismo e alegria, principalmente pelo golaço de Luiz Henrique no jogo de ida. Pura habilidade no drible e técnica na finalização. Mas aí veio a ducha fria.

Uma coletiva do presidente Mario Bittencourt em plena tarde de domingo para informar sobre o pré-contrato da joia tricolor com o Real Betis. 13 milhões de euros por 85% dos direitos econômicos. Muito pouco, mesmo considerando as dificuldades financeiras do clube. Pior foi o tom um tanto fatalista e desmobilizador da fala do dirigente. Praticamente sepultando o sonho da torcida de ver o time competitivo em alto nível na temporada, ao menos incomodando o trio Atlético-Palmeiras-Flamengo nos principais campeonatos.

Tudo isso foi na bagagem para o Paraguai. E o que se viu em campo foi um desastre. O time brasileiro intimidado pela atmosfera, que foi recuando e definhando ao longo da partida.

É claro que tudo poderia ter sido diferente se o gol de David Braz, logo aos sete minutos de jogo, não tivesse sido absurdamente anulado em um nítido toque de peito/ombro que foi interpretado como braço. Sem VAR para conferir, um erro grosseiro da Conmebol que precisa ser revisto.

Mas o time de Abel, com Martinelli e Arias nas vagas de Yago Felipe e Willian Bigode, deu espaços demais e praticamente se entregou depois da expulsão de Nino. Pior ainda com Cano e Gabriel Teixeira desperdiçando contra-ataques cristalinos, um em cada tempo.

Uma equipe experiente não pode se abater com apito "caseiro", pressão de estádio e adversário intenso. Mas foi intimidada porque já saiu do Rio de Janeiro com menos futebol e mais "guerra" na cabeça.

O resultado foi um 2 a 0 construído pela equipe de Julio Cáceres com postura agressiva, 63% de posse e 18 finalizações, oito no alvo. Nas redes com Recalde e Paiva. Criando outras chances que pararam em Fabio, destaque tricolor com cinco defesas. Para vencer fácil nos pênaltis um Fluminense já em frangalhos emocionalmente e que teve Willian e Felipe Melo parando no goleiro Olveira.

Um duro golpe na temporada, inclusive nas finanças. Talvez seja preciso vender outra joia de Xerém a preço de banana. Uma hora a má gestão cobra seu preço, dentro e fora de campo. O Fluminense colheu em Assunção o vexame que plantou em sete dias.

(Estatísticas: SofaScore)