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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rocha: Todos somos culpados pelo protagonismo da violência nos Grenais

Taison, do Internacional, em partida contra o Grêmio válida pelas semifinais do Campeonato Gaúcho 2022 - ELTON SILVEIRA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Taison, do Internacional, em partida contra o Grêmio válida pelas semifinais do Campeonato Gaúcho 2022 Imagem: ELTON SILVEIRA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

24/03/2022 07h44

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O golaço de Taison em cobrança de falta espetacular foi o que aconteceu de mais belo na Arena do Grêmio no Gre-Nal 437. Mas a classificação do tricolor gaúcho para mais uma decisão estadual já estava pavimentada pelos surpreendentes 3 a 0 no Beira-Rio.

O Grêmio vai em busca do pentacampeonato contra o Ypiranga. Título que pode dar um gás para a dura missão de disputar a Série B, embora o tetra no ano passado tenha mascarado vários problemas que estouraram no final com o rebaixamento.

Mas, infelizmente, é impossível falar do grande clássico do sul do Brasil e da maior rivalidade do país sem tocar no tema violência.

Uma tensão que vem crescendo nos últimos anos, com provocações dos dois lados, estádios que são transformados em templos de disputa de quem é o mais esperto e viril. Pancadaria e pressão nas arbitragens. Mesmo com movimentos dos dois clubes de formar times mais técnicos em vários momentos.

Com as redes sociais, cria-se um clima doentio. O torcedor passa o dia consumindo apenas conteúdo sobre o seu time e a rivalidade fica o tempo todo com a chama acesa. Para piorar, brigas ou emboscadas são marcadas via aplicativos de mensagens diretas, sem controle, e depois os brigões se locupletam em um narcisismo idiota mostrando em imagens registradas em seus celulares os resultados da barbárie.

As autoridades punem aqui e ali, mas já foi normalizado como "parte da cultura". E se alguém do sudeste aparece para criticar com argumentos, ainda que aqui tenhamos também as nossas mazelas e confrontos, é rechaçado com a tolice do "eixo do mal". Com os insucessos recentes de ambos em nível nacional, todos se fecham ainda mais como províncias ou tribos.

Mas todos somos culpados por esse protagonismo da violência. Pelo silêncio ou pelo estímulo a clássicos com pouco futebol, como último refúgio da masculinidade sem freios. O culto à selvageria.

Em entrevista depois da partida, Diego Souza, um dos mais experientes envolvidos na disputa em campo, que deveria ser uma voz tentando amortecer o clima de ódio, usou termos como "machucar", "bater", "ser mau". Para depois reclamar da violência dos colorados contra Villasanti, Lucas Silva e agora as bombas na torcida gremista dentro da Arena.

No próximo encontro, o possível revide na mesma proporção dos tricolores será tratado como uma "reação" de quem "tem sangue nas veias". Para quem surrou um prestador de serviços apenas por gritar "segunda divisão", não é difícil prever o pior em breve.

E assim a vida segue, mais triste e bélica. No Rio Grande e no Brasil.