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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Goleada e título do Palmeiras restabelecem verdade da final e do Paulista

Colunista do UOL Esporte

03/04/2022 19h24

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O primeiro jogo da final paulista, no Morumbi, não foi alvo de análise em texto nesta coluna. Mesmo tendo assistido à partida na íntegra na quinta-feira.

Porque depois da vitória palmeirense por 1 a 0 no Morumbi pela fase de grupos, estava muito claro que, na ida da decisão, o primeiro gol condicionaria muito o Choque-Rei. Se fosse do time de Abel Ferreira, o roteiro seria parecido com o duelo anterior, mas caso a equipe de Rogério Ceni conseguisse o objetivo, aí mudaria tudo e as consequências seriam imprevisíveis.

Pois veio o pênalti absurdamente confirmado pela arbitragem com auxílio do VAR, no toque de Marcos Rocha, no final do primeiro tempo, e entregou o contexto sonhado pelos são-paulinos. Não justifica inteiramente a péssima atuação do Palmeiras no segundo tempo, porém o erro grosseiro a favor do time da casa comprometeu a análise do todo nos 3 a 1.

Ainda assim, parecia claro que o gol meio "achado" de Raphael Veiga, em cobrança de falta, que diminuiu a diferença no placar trouxe de volta o time de melhor campanha ao confronto de 180 minutos.

Pois a volta no Allianz Parque restabeleceu a verdade entre os dois times. Na final e no campeonato inteiro. O São Paulo foi o que mais incomodou, de fato, mas o Palmeiras é, disparado, o melhor time do estado.

Os 4 a 0 foram apenas o resultado da clara imposição técnica, tática, física e mental. O São Paulo pagou pela juventude do time, consequência do desempenho abaixo dos mais experientes que fez Ceni mudar o time ao longo da competição.

E o Palmeiras tinha uma sensível diferença a seu favor no duelo final, além do Allianz Parque pulsante: a volta de Danilo. Com Zé Rafael, marcaram os dois gols no primeiro tempo que igualaram a decisão e dominaram o meio-campo, colocando no bolso Rodrigo Nestor e Igor Gomes, destaques na ida.

O time de Abel Ferreira amadurece a proposta ofensiva desta nova etapa do trabalho do treinador português: mais pressão no campo adversário, paciência para tocar a bola esperando a hora de acelerar e muita concentração para evitar contragolpes e também aproveitar as chances criadas.

E o principal: Dudu como o grande atalho pela direita. Recebendo bem aberto, contando com o apoio de Veiga e Rony, enquanto Marcos Rocha dá o suporte defensivo aos zagueiros e ainda o passe vertical para acionar rapidamente o ponteiro. Dudu deitou e rolou para cima de Welington e depois Léo, que foi para a esquerda depois da entrada de Arboleda no lugar do jovem lateral que não achou o camisa sete.

O maior jogador do Palmeiras neste século foi novamente o ponto de desequilíbrio nos dribles. E Veiga completou o serviço com gols. Abel transformou o meia "vagalume" de outros tempos em um típico "ponta-de-lança" moderno. O dez que participa coletivamente, entra na área e decide. Com timing perfeito para completar a assistência de Dudu e depois aproveitando o erro são-paulino e finalizando o passe de Gabriel Verón, que entrara ainda no primeiro tempo no lugar de Rony.

A posse de bola terminou dividida, pela natural necessidade de atacar do São Paulo quando se viu em desvantagem, mas no primeiro tempo de massacre alviverde foi de 62%. 17 finalizações contra nove. OIto a dois no alvo. O Palmeiras sobrou, como em todo o Paulista.

Queimou etapas para ser competitivo no Mundial e na Recopa Sul-Americana e manteve a rotação mais alta que os rivais. Só oscilou na derrota que evitou o título invicto, muito por um equívoco feio da arbitragem. Mas teve força e qualidade para voltar a sobrar no jogo que valia taça. Mais uma. 24ª conquista estadual, o quinto título do time de Abel Ferreira em nove finais.

Um time histórico em sua melhor versão.

(Estatísticas: SofaScore)