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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palmeiras começa o Brasileiro já pagando o ônus do favoritismo

Zé Rafael em ação pelo Palmeiras contra o Ceará pelo Brasileirão 2022 - Ettore Chiereguini/AGIF
Zé Rafael em ação pelo Palmeiras contra o Ceará pelo Brasileirão 2022 Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do UOL Esporte

10/04/2022 09h24

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Antes da primeira rodada, o Palmeiras poderia ser considerado o grande favorito ao título do Brasileirão 2022. Um pouco acima do campeão Atlético Mineiro, por ter sido mais testado no estadual. Sem contar a campanha que pode ser considerada boa no Mundial, chegando ao limite possível do campeão sul-americano na atualidade, e a imposição sobre o Athletico na Recopa Sul-Americana.

Mas o Ceará, mesmo no Allianz Parque, já mostrou na abertura da competição que o fardo continuará pesado para o bicampeão da Libertadores nos pontos corridos.

Porque é difícil promover a mobilização de mata-mata em 38 rodadas. E os holofotes fazem os adversários jogarem uma final de Copa do Mundo a cada fim de semana.

O time cearense tinha ainda o fator surpresa, por ser apenas a segunda partida sob o comando de Dorival Júnior, que montou um 4-3-3/4-1-4-1 que marca forte no meio com Lindoso, Sobral e Richard e acelera as transições ofensivas pelos flancos, com Lima e Mendoza buscando as infiltrações em diagonal no espaço deixado por Vina, adaptado como "falso nove".

Assim fez a equipe de Abel Ferreira, quase sempre sólida atrás, penar para se defender dos contra-ataques e ceder 19 finalizações ao adversário, nove no alvo e três nas redes: gol contra de Jorge, outro de Mendoza e o golpe final com Lucas Ribeiro, que entrou na vaga de Richard.

A ladeira ficou íngreme para o Palmeiras, mesmo poupando a maioria dos titulares na estreia da Libertadores. Até porque os pilares Gustavo Gómez, Raphael Veiga e Dudu estiveram em campo no meio da semana e sentiram fisicamente. O time criou, tentou atacar com Marcos Rocha avançando pela direita, deixando Jorge mais preso atrás do lado oposto e Gustavo Scarpa atacando o corredor esquerdo.

Teve 56% de posse e finalizou 17 vezes, apenas quatro na direção da meta de João Ricardo. Só Zé Rafael e Gómez, este de pênalti já nos acréscimos, foram às redes.

Pouco para tamanha expectativa sobre a estreia na grande lacuna de conquistas de um time já histórico. Mas o elenco parece insuficiente para manter o bom nível dos titulares em jogos mais parelhos e ter um "plano" a cada fim de semana não é fácil.

Para complicar, o Ceará teve organização e personalidade para não se intimidar pelo melhor futebol do país em 2022, até então. Frustrando o planejamento alviverde de três pontos na estreia em casa. A dura constatação de que serão raros os jogos fáceis no Brasileiro até novembro.

Aos supersticiosos, fica a lembrança de que os últimos dois campeões, Flamengo e Galo, também foram derrotados nas rodadas de abertura das edições que conquistaram. É o que resta depois do choque de realidade no Allianz.

(Estatísticas: SofaScore)