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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Espetáculo de Hulk no Galo merece mais reconhecimento em RJ e SP

Hulk comemora um dos gols do Atlético-MG sobre o Internacional - Pedro Souza/Atlético-MG
Hulk comemora um dos gols do Atlético-MG sobre o Internacional Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Colunista do UOL Esporte

12/04/2022 10h48

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Este colunista não é adepto do discurso, na maioria das vezes vitimista, de que Rio de Janeiro e São Paulo formariam um "eixo do mal" para enfraquecer os times de outros estados, no campo, nos bastidores e na mídia.

Fosse assim, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Grêmio, Internacional e Athletico não teriam tantas conquistas, nacionais e internacionais, para comemorar neste século.

Quanto a repercussão e engajamento, aí é questão matemática. Maiores torcidas em grandes centros populacionais sempre chamarão mais atenção no noticiário e pautarão o que vai viralizar nas redes. E São Paulo sempre monopoliza como grande centro financeiro do país, Flamengo à parte.

Dito isso, é necessário reconhecer que o que Hulk faz no Galo desde o encaixe no time de Cuca a partir do Brasileiro de 2021 é absolutamente espantoso.

Em 79 jogos, marcou 49 gols e serviu 14 assistências. Artilheiro do Brasileiro (19) e da Copa do Brasil (oito). No Mineirão, em 41 partidas fez 36 gols e deu oito passes para gols. Mais participações direta que jogos. Sim, há muitos pênaltis questionáveis nesta conta, mas ela ainda é impressionante. Em 2022 já são 13 gols e uma assistência em 11 partidas.

Se o estadual, com Cruzeiro na Série B e América focado na Libertadores, não serve de parâmetro, Hulk já apresentou suas credenciais na primeira rodada do Brasileiro: dois golaços sobre o Internacional no MIneirão. O primeiro com domínio já tirando do goleiro Daniel para tocar para as redes, o segundo em arrancada, com direito a pedalada e toque sutil por cima do arqueiro.

É o jogador mais desequilibrante do futebol brasileiro. Tomando o posto de Gabigol, que sempre se destacou mais pelo posicionamento para o último toque e a movimentação gerando jogo para os companheiros. Mas sem dribles, nem grandes jogadas individuais. Quando as coisas estão complicadas para o Atlético, Hulk assume e decide no talento. Força, habilidade e boas tomadas de decisão. Tudo isso a três meses de completar 36 anos.

Com Antonio "Turco" Mohamed, o camisa sete ainda adicionou movimentos de "falso nove", atraindo a marcação de zagueiros que temem cada vez mais o artilheiro do Brasil e abrindo espaços para infiltrações de meias e ponteiros, como Nacho, Savarino, Keno, Ademir e Dylan Borrero. Contra o Inter chegou a revezar com Eduardo Sasha no centro do ataque.

Se o Galo pinta como favorito ao bicampeonato é muito pelo elenco mais numeroso e equilibrado que os dos principais concorrentes e pela manutenção da estrutura, mesmo com a mudança forçada de treinador.

Mas Hulk é o grande trunfo para descomplicar disputas mais parelhas. Abrindo ferrolhos ou sendo o grande escape para rápidas transições ofensivas. Sem contar a eficiência nas cobranças de pênaltis...

Impossível negar que se estivesse no Flamengo ou no Corinthians seria tratado como uma divindade e sua convocação já seria uma exigência - não por este que escreve, que segue defendendo a tese de uma seleção 100% "europeia" - parecida com a de Romário em 2002. Questão de tamanho de holofote.

O fato é que Hulk já dá os primeiros passos para bisar ou até superar o desempenho fantástico em 2021. Quem sabe faturando a Libertadores, título que ficou faltando em temporada histórica?

O Galo pode levar a inédita triplice coroa com os principais títulos nacionais e internacional. Com o inesgotável Hulk fazendo a diferença em todas as frentes. Um espetáculo que merece mais reconhecimento.