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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Abel tem discurso e estratégia prontos para reencontrar o Flamengo

O técnico Abel Ferreira durante a partida entre Palmeiras e Flamengo, pelo Brasileirão 2021 - Marcello Zambrana/AGIF
O técnico Abel Ferreira durante a partida entre Palmeiras e Flamengo, pelo Brasileirão 2021 Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL Esporte

20/04/2022 06h30

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Abel Ferreira escolhe jogos para mobilizar o Palmeiras. É assim desde que chegou em 2020 e a Libertadores que conquistou duas vezes é o alvo preferencial, pela relevância do torneio e também por conta do contexto de mata-mata nas fases decisivas que deixam todos mais alertas.

Mas sem um grande desafio no horizonte, o reencontro com o Flamengo pelo Brasileiro por pontos corridos é uma partida que pode ser transformada em batalha épica pelo treinador português.

O discurso certamente vai girar em torno do Maracanã lotado por rubro-negros, sem o torcedor palmeirense. Abel não viveu a realidade de 2019 e, ainda que tivesse comandado a equipe naquele confronto no Allianz Parque, sem torcedores do Flamengo, provavelmente compraria a briga do seu clube, mesmo sem razão.

Então a conversa deve focar no tema: "vamos representar o nosso torcedor que foi proibido de estar aqui hoje", "vamos enfrentar e calar essa massa no campo" e outros clichês motivacionais de Davi x Golias para deixar mais ligado o time que normalmente é disperso no Brasileiro e já deixou cinco pontos pelo caminho nas duas primeiras rodadas contra Ceará e Goiás, adversários em tese pouco desafiadores.

A provável estratégia também encaixa com as preferências de Abel. Mesmo sendo o bicampeão sul-americano, joga o favoritismo e o protagonismo para o outro lado e tenta surpreender. Como fez em Montevidéu, com pressão e alguma jogada ensaiada no início para abrir o placar.

Com Marcos Rocha, e não Mayke como na final continental, a tendência é que o lateral direito fique mais próximo dos zagueiros Gustavo Gómez e Murilo e Piquerez seja liberado como ala para descer pela esquerda. Pode ser o alvo do passe longo, nas costas de Rodinei ou Isla, em busca do fundo para cruzar e tentar achar Rony, Dudu e, principalmente, Raphael Veiga na área adversária.

Depois recuar as linhas e acionar Dudu contra Filipe Luís, com campo para correr. Ou esperar o erro da retaguarda da equipe de Paulo Sousa, que sempre aparece. Muita concentração defensiva para conter o rival, principalmente De Arrascaeta e Gabigol.

É a chance de resgatar o espírito das decisões de Libertadores em uma partida "comum" no Brasileiro. Para que um dos favoritos ao título nacional comprove em campo a sua força e, enfim, alcance sua primeira vitória. Com Abel Ferreira é assim que funciona.