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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vitória no dérbi é a primeira do Palmeiras em seu "Brasileiro paralelo"

Dudu comemora gol marcado com a camisa do Palmeiras no dérbi contra o Corinthians -  Marcello Zambrana/AGIF
Dudu comemora gol marcado com a camisa do Palmeiras no dérbi contra o Corinthians Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL Esporte

24/04/2022 09h13

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Talvez tenha faltado sensibilidade a Vitor Pereira ao poupar titulares importantes no Corinthians em um dérbi pensando no Boca Juniors, dentro do contexto de quatro, agora cinco, derrotas seguidas em clássicos. Mas são escolhas, dentro de um trabalho curto com elenco desequilibrado.

Mas o Palmeiras nada tem a ver com os problemas do rival e cumpriu seu dever em Barueri: com titulares que devem ser poupados posteriormente na Libertadores e na Copa do Brasil, passou por cima.

De novo sendo efetivo no período de imposição no primeiro tempo. Duas jogadas ensaiadas em escanteios cobrados por Raphael Veiga, gols de Gustavo Gómez e Rony. Sem perdão. Na segunda etapa, administração para conter o Corinthians com Renato Augusto e Willian em campo e definir os 3 a 0 no belo passe de Zé Rafael para o golaço de Dudu, cortando da direita para dentro e finalizando de pé esquerdo.

Foram 20 finalizações, sete no alvo, com apenas 44% de posse. Típico do Palmeiras em grandes jogos, com pressão no início para abrir o placar e depois aproveitando os espaços em rápidas transições ofensivas. Time concentrado e todos mobilizados pelo discurso de Abel Ferreira.

Cenário difícil de repetir, na competição por pontos corridos, em jogos contra times de menos tradição. Que jogam a vida contra o bicampeão sul-americano, que não tem como transferir o favoritismo, muito menos incendiar os atletas. Afinal, neste contexto o "Golias" que encara o "Davi" é o próprio Palmeiras.

Eis o grande gargalo competitivo do Alviverde, sem contar o elenco curto e um tanto desequilibrado. Quando as copas afunilarem e não for mais possível inverter a lógica de Abel, que tem escalado mais titulares no Brasileiro, a tendência é administrar um G-6, para o caso de tudo dar errado e não ficar de fora da próxima Libertadores.

Uma espécie de "Brasileiro paralelo". De tempos em tempos, um "sprint" na tabela, escolhendo jogos simbólicos para se dedicar. Mas se for preciso poupar, como fez na derrota por 2 a 0 que praticamente salvou o São Paulo do rebaixamento no ano passado, dentro do planejamento para a final da Libertadores, Abel não se fará de rogado.

Ainda mais agora, com moral absoluta e créditos eternos. O português reclama, com razão, do calendário e das cobranças insanas no futebol brasileiro, mas aprendeu como poucos a se situar no contexto e fazer o Palmeiras seguir as suas prioridades, sem maiores questionamentos.

E o Palmeiras provou mais uma vez que será muito forte no mata-mata. Ainda mais que nos anos anteriores, porque o trabalho ganhou maturidade e confiança pelas conquistas. Completo e focado é o grande favorito ao tri da América.

Administrando o Brasileiro, como fez nas duas últimas temporadas. Também com mais "know-how" e sabendo lidar com os tropeços. Compensando nos jogos grandes. Em Barueri, venceu a primeira.

Na tabela, já subiu para quinto. Parece pouco, mas o palmeirense não está nem aí.

(Estatísticas: SofaScore)