Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Projeto do PSG é do triste menino mimado que só aceita o melhor brinquedo
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O Bayern de Munique foi decacampeão da Bundesliga, após vencer o rival Borussia Dortmund por 3 a 1. Feito inédito, mesmo com 32 conquistas na história, mas que rende discussões. Na Alemanha, a missão é encontrar maneiras de tornar o campeonato nacional menos previsível, mas o Leipzig, com suporte da Red Bull, é tratado como um problema maior que o time dominante.
Porque a hegemonia bávara é um fenômeno mais orgânico, baseado no poder financeiro, obviamente, mas também na construção de um projeto vitorioso. Com Neuer e Muller como pilares e Lewandowski como o produto mais bem-sucedido da iniciativa de reforçar o próprio elenco enfraquecendo a concorrência. Mais Kimmich como o presente e Musiala olhando para o futuro.
Na França, o Paris Saint-Germain faturou no mesmo período oito títulos da Ligue 1. Só falhou em 2016/17 para o Monaco de Mbappé e na temporada passada, perdendo para o Lille. Antes vencera em 1985/86 e 1993/94. São dez conquistas, igualando o Saint-Étienne como o maior vencedor do país. Ultrapassando o Olympique de Marseille, que deve confirmar o vice-campeonato nas quatro rodadas que restam.
O título foi confirmado com um empate sem graça por 1 a 1 com o Lens, oitavo colocado, no Parc des Princes. Bem diferente do peso da vitória em um Bayern x Dortmund, mas mesmo que tivesse sido uma virada improvável fora de casa sobre o Marseille, que graça teria?
O PSG é um projeto do Qatar que reúne estrelas mundiais e, por causa delas, fãs por todo planeta. Elenco estelar, orçamento quase ilimitado e apenas um objetivo: conquistar a Liga dos Campeões.
Chegou perto na temporada atípica pela pandemia em 2019/20, perdendo a decisão em Lisboa para o próprio Bayern de Munique. Parou na semifinal na edição passada, caindo diante do Manchester City, que tem projeto parecido, mas a força da Premier League e a concorrência com um Liverpool também histórico, sem contar a presença marcante de Pep Guardiola, que define uma identidade futebolística, dá mais sentido ao todo.
Desta vez o time francês caiu nas oitavas para o Real Madrid, em um "apagão" de 30 minutos que escancarou a fragilidade de uma reunião de craques que incluiu Lionel Messi e teve Mbappé como grande protagonista, mas também engolido pela reação com autoridade do time que ostenta 13 taças do maior sonho do "emergente".
A Ligue 1 nunca bastou, e foi comemorada de forma até constrangida, com vaias gerais e, em protesto, a maior torcida organizada comemorando fora do estádio, longe dos jogadores e sem clima para volta olímpica ou qualquer celebração. Talvez por perceber que há mais marketing e ambição desmedida que esporte em tudo que cerca o clube.
Assim como Unai Emery e Thomas Tuchel, Mauricio Pochettino é mais um bom treinador queimado na fogueira de vaidades. Vejamos qual será o próximo contratado a peso de ouro e com uma única missão: vencer a maior competição de clubes do planeta.
Como se fosse apenas questão de assinar um cheque bilionário e comprar a "orelhuda". O Bayern, que já tinha quatro, faturou mais duas em seu período mais vencedor no próprio país. Soa mais como uma consequência natural, não?
O PSG é o menino rico e mimado que só aceita o melhor brinquedo. Não é assim que funciona e as chances de sucesso ficam atreladas às aleatoriedades do futebol. Pode ser ano que vem, ou nunca. Porque não há uma construção com solidez na base para alcançar o topo do mundo.
O único feito histórico é a maior contratação de todos os tempos, de Neymar há quase seis anos. O mesmo que agora é odiado por boa parte da torcida e "ameaça" cumprir os três anos de contrato que faltam. O símbolo de uma ideia equivocada na essência. Que celebra taças com sorrisos amarelos. Tudo muito triste.
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