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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Desfalques e erros ajudam a construir a obra de arte City 4x3 Real

Os técnicos Pep Guardiola, do Manchester City, e Carlo Ancelotti, do Real Madrid antes da semifinal da Champions   - Reuters/Lee Smith
Os técnicos Pep Guardiola, do Manchester City, e Carlo Ancelotti, do Real Madrid antes da semifinal da Champions Imagem: Reuters/Lee Smith

Colunista do UOL Esporte

26/04/2022 19h01

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O Real Madrid sobreviveu aos duelos no mata-mata com o estelar PSG e o Chelsea atual vencedor da Liga dos Campeões. Força mental, tradição do clube, experiência e serenidade de Carlo Ancelotti e individualidades, especialmente Courtois, Modric, Vinicius Júnior. Acima de todos, Karim Benzema.

Só com tanta resistência para voltar de um 2 a 0 do Manchester City de Pep Guardiola, no Etihad Stadium. Sofrendo sem Casemiro, no banco por dores musculares. Com Kroos mais centralizado e Valverde com Modric adiantados no trio de meio-campo, foi difícil parar Bernardo Silva e De Bruyne.

Porque Gabriel Jesus, que marcou quatro e deu uma assistência nos 5 a 1 sobre o Watford pela Premier League, ajudava a empurrar a última linha adversária para atrás, gerando mais jogo entrelinhas do time inglês. Atraindo a marcação para o passe de Mahrez encontrar De Bruyne para abrir o placar com pouco mais de um minuto. E depois o camisa nove marcando gol de centroavante para ampliar.

É preciso reconhecer que as chances desperdiçadas por Mahrez e Foden, os pontas do 4-3-3 de Guardiola, contribuíram para manter o Real vivo. Mas quem conta com Benzema nesta Champions tem quase tudo. O 13º gol no torneio pedindo bola a Mendy e completando passe preciso.

Stones começou improvisado na lateral direita, desfalcada do lesionado Walker e do suspenso João Cancelo. Saiu ainda no primeiro tempo para a entrada de Fernandinho, que foi ocupar a posição.

No início do segundo tempo, bote certo em Vinícius começando a jogada e chegando ao fundo para colocar na cabeça de Foden. 3 a 1 que parecia a retomada definitiva do domínio do time da casa, porém as imperfeições e ausências também ajudaram a construir a obra de arte que foi essa disputa em Manchester.

Finta de corpo de Vini na linha média, para desespero de Guardiola, que previu o pior. Fernandinho ficou pelo caminho e viu a diagonal perfeita do compatriota. A calma para tocar na saída de Ederson comprova o salto de qualidade deste jovem talento brasileiro.

Mas o City tem o volume de jogo como a marca principal do time na maioria das partidas. Seguiu atacando e Bernardo Silva fez um golaço em uma aula também de arbitragem, que deixou o lance seguir depois de falta em De Bruyne e o português colocando no ângulo de Courtois.

Goleada e classificação encaminhada? Só se o Real não tivesse melhorado com Camavinga no meio, substituindo Rodrygo. Logo depois da troca do exausto Modric por Ceballos, o tolo pênalti de Laporte, subindo com o braço aberto demais em disputa pelo alto. Com cavadinha, Benzema chegou ao 14º, se isolando como o goleador máximo desta edição. Nove no mata-mata, ficando a um dos impressionantes dez de Cristiano Ronaldo em 2016/17.

Jogaço de sete gols, 27 finalizações, 11 no alvo. O Real vai muito vivo para o Bernabéu, mas a vantagem é do City, que sabe administrar com posse de bola no campo de ataque. E se precisar de retranca no final, Guardiola já mostrou que apela sem maiores pudores. Que seja outro jogaço, com suas falhas e obras primas, defeitos e virtudes.

Tudo que faz o futebol especial e o que se joga na Champions quase outro esporte.

(Estatísticas: SofaScore)