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Dura realidade empurra Flamengo para priorizar Libertadores
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Quando a placa apresentou as três substituições de Paulo Sousa aos 18 minutos do segundo tempo no Estádio San Carlos de Apoquindo, o chão pareceu se abrir para os rubro-negros acompanhando o jogo.
Como assim substituir, de uma vez só, Everton Ribeiro, De Arrascaeta e Bruno Henrique ainda faltando tanto tempo em um jogo duro e fora de casa, com vantagem de 2 a 1 no placar?
Entraram Marinho, Diego Ribas e Lázaro. É claro que desabaria o nível técnico e a capacidade de decisão na frente, mesmo mantendo Gabigol, autor de dois gols e que só foi substituído por Pedro aos 35 minutos. Com os quatro bem em campo, não é absurdo dizer que qualquer equipe na América do Sul sentiria o baque.
E o Flamengo sofreu. Ainda mais com Andreas Pereira, que tem muito menos intensidade e capacidade de desarmes que João Gomes, entrando na volra do intervalo. Sobrecarregou Thiago Maia na proteção de uma defesa que sofria, especialmente pela direita, com os velhos problemas de Isla e Willian Arão para compor a última linha defensiva. O lateral até marcou gol contra no primeiro tempo.
Mas, então, por que o treinador português fez as trocas no atacado e àquela altura?
A resposta é simples, porém trágica: o elenco do Flamengo apresenta problemas físicos preocupantes para o quarto mês da temporada, ainda faltando pouco mais de meio ano até o fim antecipado pela Copa do Mundo em novembro.
Legado de 2021. De um trabalho precário que envolveu preparação física, fisiologia e departamento médico. Deixando problemas crônicos por conta de exercícios que não eram os mais recomendados para as especificidades de cada atleta, conforme esta coluna apurou e este colunista relatou na Live do Flamengo no UOL Esporte.
O resultado prático é que já há jogadores no seu limite físico, precisando manejar os minutos em campo para evitar ainda mais lesões dentro de um Departamento Médico que demora a devolver os recuperados e a fazer o diagnóstico correto em alguns casos, como no joelho de Pedro no ano passado e no pé de Fabrício Bruno recentemente.
Paulo Sousa não abre mão de suas ideias de futebol e exige intensidade alta. Os volantes sofrem mais, pela dinâmica complexa imposta pelo treinador, de pressionar no campo rival, se necessário, e não deixar espaços às costas, além de se aproximar do quarteto ofensivo.
João Gomes, mesmo muito jovem, vem sentindo a sequência de jogos, até por estar mais em campo que Maia desde o início do ano. As dificuldades dos volantes e os problemas no setor direito obrigam Everton Ribeiro a se desgastar muito em uma função já sacrificante. Cenário que sobrecarrega De Arrascaeta na criação - o uruguaio está jogando direto, sem descanso, há um bom tempo.
E Bruno Henrique é mais uma "vítima" do legado de 2021, com uma instabilidade crônica no joelho direito que tira do atacante a sequência de jogos que precisa para tornar as arrancadas irresistíveis mais constantes. E a falta de ritmo obriga Sousa a sacá-lo assim que o rendimento cai. E era ótimo na partida em Santiago.
Por isso as mexidas que castigaram a equipe, que levou sufoco na segunda etapa e achou o gol da vitória na transição rápida, com Marinho acionando Lázaro em diagonal e a finalização precisa do jovem meia que rende mais pela esquerda no 4-2-3-1/4-4-2 de Sousa que se converte em 3-4-2-1 quando o time tem a bola, mas agora com adaptações para dar mais liberdade aos quatro mais avançados.
A boa notícia é Pablo, uma exceção na rotina do DM, voltando antes da previsão de seis a oito semanas - retornou em apenas quatro. É zagueiro "ponta firme", com personalidade, força física e bom posicionamento. Falta entrosamento e um pouco mais de proteção. Acabou fazendo gol contra no final, porém a tendência é se firmar na zaga, mesmo com o retorno de David Luiz.
O Flamengo mantém os 100% na fase de grupos, junto com Palmeiras e River Plate, e a vitória por 3 a 2 foi histórica, a primeira contra a Universidad Católica em seu estádio. O time segue construindo uma história vencedora no torneio e impondo mais respeito aos oponentes.
Por isso Sousa, diante de tantos problemas em um elenco "quebrado" e também desequilibrado no nível técnico, deve repetir o compatriota Abel Ferreira no atual bicampeão sul-americano e priorizar as copas, especialmente a Libertadores. Neste contexto, administrar um G-6 no Brasileiro para garantir vaga na próxima edição da principal competição do continente parece o mais razoável.
Preservando as estrelas para os grandes jogos, como Renato Gaúcho desejava e foi tão criticado - o colunista faz aqui um mea culpa, o técnico tinha razão diante desse caos físico. A comissão portuguesa tenta reduzir os danos, mas o estrago foi grande. Priorizar será inevitável. Eis a dura realidade.
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