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A bola do Flamengo não deixa de entrar por acaso
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O Botafogo de Luís Castro e das contratações de John Textor já demonstra uma ideia de jogo, com organização para executar corretamente. Isso ficou bem claro nos primeiros 15 minutos de cada tempo no clássico contra o Flamengo.
E o plano no Mané Garrincha era semelhante ao bem-sucedido do atual campeão carioca nos Fla-Flus: defender bem, sair da pressão do Flamengo e esperar o erro defensivo do rival que sempre dá as caras. O "touro" Erison comandou o ataque, literalmente, e aproveitou o "combo" de falhas de Willian Arão, David Luiz e Hugo para marcar o gol da vitória.
Está claro que Paulo Sousa não se ajuda no caos rubro-negro. Relaciona e coloca no banco o zagueiro Pablo, além de Rodrigo Caio e Léo Pereira, e novamente improvisa Willian Arão. Sempre haverá o questionamento: se estava na reserva, por que o titular não jogou ou entrou durante a partida?
Além disso, a dinâmica dos volantes na execução de seu 4-2-3-1 ou 4-4-2 sem bola e 3-4-2-1, com adaptações, atacando está extenuando Thiago Maia, João Gomes e Andreas Pereira, sem que eles entreguem todas as virtudes que Sousa exige nas múltiplas tarefas da função. O treinador é obrigado a revezar e nenhum deles tem o desempenho esperado.
Por que não simplificar e adaptar, como fez no ataque dando mais liberdade ao quarteto Everton Ribeiro-De Arrascaeta-Bruno Henrique-Gabigol? Esse princípio inegociável no centro do meio-campo ainda cede espaços generosos ao adversário, expondo a última linha que tem um David Luiz que precisa de uma equipe organizada para não apelar para seus arroubos tresloucados que só desgastam um jogador de 35 anos e deixam a retaguarda descoberta.
Mas o grande problema do Flamengo em Brasília foi o "arame liso". Pelo menos cinco grandes chances, além do gol anulado por impedimento - duvidoso pelo critério do VAR, mas que, obviamente, não serve para justificar a derrota. Uma defesa espetacular de Gatito Fernández em chute de Lázaro e David Luiz isolando o ataque final.
A grande responsabilidade, porém, recai sobre o trio de artilheiros históricos, no clube há três anos. Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique têm obrigação de serem efetivos quando as oportunidades são criadas. Obviamente a exigência não é de 100% de aproveitamento. Nem Salah, Mané, Díaz, Jota e Firmino no Liverpool, melhor time do mundo, conseguem. Nem o iluminado Benzema no Real Madrid.
Mas considerando os nomes, a qualidade e as altas remunerações, precisam refletir no placar, nem que seja uma vez, a superioridade rubro-negra no jogo. Tem que haver gol no período de domínio, ainda mais para a maneira que o Flamengo se propõe a jogar, como protagonista.
Cada um finalizou três vezes e teve uma grande chance. A de Gabigol também de cabeça, depois do gol anulado. Porque se o gol não sai o adversário sai do sufoco, ganha confiança e se concentra para não desperdiçar quando a sua oportunidade aparecer. Foi o que fez Erison no clássico que encerrou um período de quatro anos (10 partidas) sem vitória alvinegra no duelo.
É o que pode empurrar o Flamengo para a zona de rebaixamento ao final da quinta rodada. Com 33% de aproveitamento. Porque o time que finalizou 17 vezes, oito no alvo, teve 0% no principal objetivo do jogo. Sem gol não tem vitória e a falta de bolas nas redes pode tornar a temporada mais sofrida do que vinha se apresentando.
A bola não deixa de entrar por acaso. O clube de administração omissa, de departamento médico sempre cheio e pouco transparente, de um treinador que foi vítima da falta de ética de Jorge Jesus, sim, mas cada vez mais demonstra não ter competência e estofo para a missão que lhe foi dada, e de um elenco que dá cada vez mais a impressão de que 2019/20 foi uma exceção e a estabilidade de contratos longos e polpudos não ajudaram a manter o rendimento alto, padece pelos muitos erros.
O Botafogo nada tem a ver com isso e deve celebrar um triunfo que pode ser a marca de um recomeço com ambições maiores que se manter na Série A.
(Estatísticas: SofaScore)
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