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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Champions do Real vai na conta de Courtois, mas Vini Jr é a grande história

Vinicius Junior, do Real Madrid, beija o troféu após a conquista da Liga dos Campeões  - JAVIER SORIANO / AFP
Vinicius Junior, do Real Madrid, beija o troféu após a conquista da Liga dos Campeões Imagem: JAVIER SORIANO / AFP

Colunista do UOL Esporte

28/05/2022 19h23

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O Liverpool foi superior durante os noventa minutos no Stade de France. O volume de jogo costumeiro, muita pressão e intensidade e nada menos que 24 finalizações. 15 de dentro da área e nove no alvo.

Domínio que teve como resposta a melhor atuação de um goleiro em final de Liga de Campeões em décadas. Acima até dos milagres de Petr Cech em Munique contra o Bayern em 2011/12. Nada menos que nove defesas, pelo menos cinco intervenções fundamentais. Disparado o craque da partida.

O Real Madrid teve o mérito, novamente, de não se desmanchar mentalmente, mesmo acuado. Com Valverde pela direita para auxiliar o meio-campo e dar liberdade para Vinicius Júnior acelerar os contragolpes do lado oposto. Controlado por Konaté na cobertura de Alexander-Arnold, que atacava forte pela direita com Henderson e Salah para cima de Mendy, com o apoio de Toni Kroos.

A missão era suportar, e a resistência foi forte com boas atuações de Carvajal, Militão, Alaba e Casemiro. Sempre salvos por Courtois quando tudo dava errado.

A camisa pesada e a história desta edição, ressurgindo das cinzas contra PSG, Chelsea e Manchester City, pesaram no gol anulado de Benzema no primeiro tempo. A demora na decisão do VAR, outra bizarrice da final com o jogo adiado por 36 minutos e a confusão na entrada de torcedores ao estádio, aumentou a tensão e mostrou para o Liverpool que não poderia vacilar, porque pagaria caro.

Pagou na velocidade pelo lado, mas à direita, com Valverde. Arrancando e servindo Vinicius Júnior, entrando às costas de Arnold, não de Konaté. O gol do título do jovem que se transformou sob o comando de Carlo Ancelotti, a liderança tranquila que agora ostenta quatro Champions. Na mesma temporada em que o treinador italiano conseguiu "unificar" os títulos das principais ligas nacionais na Europa. Agora tem seis "orelhudas", incluindo as duas que faturou como jogador do Milan.

Mas a grande história é a de Vinicius. O "Neguebinha" que tantas vezes foi humilhado, com perseguição além das críticas construtivas sobre a necessidade de evoluir nas finalizações e nas tomadas de decisão. Alvo também de preconceitos, especialmente o mais desprezível deles: o racismo.

Aos 21 anos, está na história do maior time do mundo, da maior competição de clubes do planeta. Com trabalho, humildade, perseverança e sorriso no rosto, vira do avesso todo o ódio de quem hoje vai ficar com o amargo do coração na boca.

O Real não jogou o melhor futebol desta Champions, mas teve goleiro (Courtois) e centroavante (Benzema) para fazer a diferença em momentos-chave. E Vinicius Júnior resolveu na mais bem-sucedida das duas finalizações no alvo. Simbólico e histórico.

(Estatísticas: SofaScore)