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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Galo só precisou de mobilização para vencer uma camisa sem alma

Nacho Fernandez, do Atlético-MG, comemora seu gol contra o Flamengo pelo Brasilerião - CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Nacho Fernandez, do Atlético-MG, comemora seu gol contra o Flamengo pelo Brasilerião Imagem: CRISTIANE MATTOS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL Esporte

20/06/2022 06h55

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As oscilações do Atlético Mineiro na temporada são passíveis de críticas, claro, mas também é possível compreender. A catarse da conquista de títulos, especialmente o Brasileiro encerrando jejum de 50 anos, em uma temporada quase perfeita. Troca no comando técnico com o time estruturado em todos os aspectos.

Estranho seria manter o mesmo ritmo e nível de intensidade. Ainda assim, conquistou a Supercopa do Brasil, o estadual e segue vivo e com boas perspectivas nos torneios de mata-mata. Mas o sarrafo subiu e os pontos perdidos, especialmente em uma tabela que parecia bem acessível nas primeiras rodadas, aumentaram a pressão sobre Antonio "Turco" Mohamed no Brasileiro.

Mas aí veio o adversário perfeito, em casa. Não porque o Flamengo seja o time mais fraco da competição por pontos corridos, embora pareça o que menos compete. Mas pela enorme rivalidade interestadual que gerou uma mobilização que ocorreu poucas vezes em 2022. Até pelos dois jogos emendados, inlcuindo a ida das oitavas da Copa do Brasil.

O Atlético entrou mais concentrado, intenso e conectado com a massa no Mineirão. Mesmo sem ser um primor técnico e tático, foi o suficiente para construir com naturalidade os 2 a 0. Sem gols de Hulk, em má fase técnica, mas com Nacho Fernández e Ademir decidindo, um gol em cada tempo.

Vitória justa de um time forte pelas laterais, com Guilherme Arana e Keno pela esquerda, Vargas e Nacho alternando à direita com o apoio de Mariano. Muitas vezes fazendo duplas contra os laterais rubro-negros Matheuzinho e Ayrton Lucas, sacrificados pelo auxílio insuficiente de Everton Ribeiro e Vitinho.

Sem Bruno Henrique e com Gabigol longe do ataque para gerar preocupação com a profundidade, a última linha atleticana avançava e o adversário com a bola sempre tinha a pressão de um homem do time da casa. Sem reciprocidade do oponente, que dava liberdade até excessiva. A troca de Jair, que fraturou um dedo da mão, por Otávio fez o meio-campo perder volume. Já as entradas de Ademir e Rubens nas vagas de Vargas e Keno reoxigenaram as pontas.

Sem exibição do nível de 2021, mas uma evolução em relação às últimas partidas. Primeiro tempo de imposição também pela posse, mas terminando com apenas 48%, porém com 16 finalizações, nove de dentro da área e três no alvo. Duas nas redes.

Pode ser melhor na quarta, pela Copa do Brasil. Até pela mudança na disputa e a necessidade de construir o resultado em casa. Menos pressão, mais confiança. Se o rival não se reinventar em três dias, o confronto pode ser definido em Belo Horizonte.

Porque o Galo seguirá mobilizado para enfrentar uma camisa que carrega história, até conta com nomes importantes, mas o "recheio" é sem alma. E parece improvável que o cenário mude tanto em tão pouco tempo.

(Estatísticas: SofaScore)