Flamengo sai de Itaquera com derrota e avisos de Rodinei e Vitor Pereira

Dorival Júnior exagerou nos cuidados para o duelo com o Atlético Mineiro pela Copa do Brasil no Maracanã. Arriscou dois meninos talentosos, porém muito verdes para um jogo grande, como Victor Hugo e Matheus França, este na função de Arrascaeta, a mais importante do 4-3-1-2 que parece ser mesmo a ideia tática do treinador rubro-negro para a maioria dos jogos.

Depois, com mais uma lesão de Rodrigo Caio, a opção por Gustavo Henrique, preservando David Luiz e Léo Pereira para quarta, aumentou a insegurança da retaguarda, exposta por contar com apenas sete atletas defendendo e com um Fabrício Bruno voltando de longa recuperação.

O maior risco, porém, era Rodinei na lateral direita. Se contra o Tolima até se destacou no trabalho defensivo em Ibagué e teve corredor escancarado no massacre do Maracanã, desta vez mostrou toda fragilidade defensiva que torna obrigatória a busca no mercado pela diretoria de um nome para chegar e assumir a posição.

O gol que decidiu a partida na Neo Química Arena é um combo das deficiências de Rodinei: deu o corredor livre para o canhoto Adson, deslocado para a esquerda com a entrada de Mosquito no segundo tempo, chegar ao fundo e cruzar. A bola passou, mudou de lado, e no centro da direita, mesmo com a atenuante do desvio de Fabrício Bruno, o toque para as próprias redes, sozinho, sem ser acossado por um adversário, foi grotesco.

É o primeiro e grande aviso que o Flamengo traz de Itaquera: elo fraco entrega jogo. O time finalizou 12 vezes, fez Cássio trabalhar, especialmente no chutaço de Vitinho, único momento de destaque do ponta que jogou como atacante fazendo dupla com Gabigol, que ainda bateu na trave esquerda, e poderia ter somado mais uma vitória.

Saiu derrotado para um time que não perde em casa há 19 partidas. Cheio de desfalques e problemas, com resultados melhores que o desempenho na maioria das vezes. Mas está nas quartas da Libertadores, tem tudo para confirmar a classificação para a mesma etapa na Copa do Brasil contra o Santos na Vila e, com os três pontos em casa, chegou aos mesmos 29 do líder Palmeiras no início da rodada.

Tudo isso porque tem um ótimo treinador, para o nível do futebol jogado no Brasil. Vitor Pereira não teve pré-temporada, precisa "ajustar o carro andando", mas, independentemente da escalação, o time sempre sabe o que fazer em campo. Pode não executar tão bem e depender de um gol contra para vencer, mas a importância do trabalho do português é muito nítida.

É outro alerta para o Fla, pensando na Libertadores no início de agosto. Com time completo ou não, o Corinthians será competitivo. Em Itaquera e no Maracanã. Nem que seja para se defender, alternando linha de quatro ou cinco atrás. Organizado e intenso, com cabeças experientes ou pernas "frescas". Pronto para aproveitar os vacilos do oponente.

Rodinei falhou e a missão do Flamengo no Brasileiro se complicou. Ficou claro pelas ações de Dorival que as copas são a prioridade. Difícil saber se é opção do treinador, como era com Renato Gaúcho, ou da direção, com medo de passar outro ano em branco e vendo o caso do Palmeiras, que passou de uma temporada decepcionante à apoteose do bi da Libertadores, consagrando Abel Ferreira, pela conquista mais importante.

O "quem tudo quer, nada tem" de Renato Gaúcho parece que vai virar mantra em 2022. Mesmo com reforços. O problema é Rodinei falhar em momento decisivo, como fez Andreas em Montevidéu. Eis o grande risco de colocar todas as fichas no mata-mata. Questão de escolha.

(Estatísticas: SofaScore)